Na última quarta-feira, 30, uma juíza departamental anulou o mandado de prisão contra Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, em um caso de tráfico de pessoas agravado.
Ele continuará respondendo ao processo, mas em outra comarca: a investigação, que inicialmente ocorria em Tarija, será agora conduzida em Villa Tunari, no Trópico de Cochabamba, reduto político de Morales.
O advogado de Morales, Nelson Cox, informou que as autoridades de Tarija foram notificadas sobre a anulação, garantindo “liberdade irrestrita” ao ex-líder.
Em outubro de 2024, a promotora Sandra Gutiérrez pediu a prisão de prisão contra Morales, alegando que ele teve um filho com uma menor durante seu mandato presidencial, decisão que tinha sido acatada pela Justiça.
Decisão judicial
A nova decisão, que anulou a prisão, afirma: “Fica anulada qualquer ordem de revelia, mandado de prisão judicial contra Juan Evo Morales Ayma, assim como qualquer tipo de ação que afete e/ou restrinja os direitos reivindicados pelo autor.”
Cox explicou que a anulação ocorreu depois que a defesa solicitou a transferência do caso para um “juiz natural” em Villa Tunari. O advogado destacou que o caso, encerrado em 2020, foi reaberto posteriormente com um novo tipo penal, sem queixa formal da suposta vítima.
Em janeiro, um tribunal de Tarija declarou Morales ausente por não comparecer a audiências, alegando problemas de saúde, o que resultou na emissão de um mandado de prisão.
Reações e apoio político a Evo Morales
Além disso, o tribunal proibiu Morales de deixar o país, ordenou a interdição preventiva de seus bens e o congelamento de suas contas bancárias. Em protesto, simpatizantes de Morales bloquearam rodovias por 24 dias, impedindo sua prisão. Desde então, Morales permaneceu no Trópico de Cochabamba, protegido por aliados.
Apesar das adversidades legais, Morales expressou seu desejo de concorrer à presidência nas eleições nacionais de 17 de agosto. Além das acusações criminais, há uma proibição constitucional da reeleição contínua ou descontínua para um terceiro mandato. Morales já presidiu a Bolívia por duas vezes.

Morales e seus apoiadores planejam registrar sua candidatura em La Paz em 17 de maio, sem ainda revelar o partido pelo qual concorrerá, depois de ter sido destituído do comando do Movimento ao Socialismo (MAS), que fundou.
A relação entre Morales e o atual presidente, Luis Arce (MAS), que eram aliados, ficou tensa por divergências na gestão do governo e do partido. Recentemente, Arce foi anunciado como candidato presidencial do MAS para buscar a reeleição.