O brasileiro Ramon Dino foi o vice-campeão do Mr. Olympia — maior campeonato de fisiculturismo do mundo — deste ano na categoria Classic Physique, atrás apenas do canadense Chris Bumstead, também chamado de “CBum”.
Os dois estavam entre os principais nomes do torneio, já que, na última edição, o topo do pódio foi o mesmo deste ano. Muitos brasileiros estavam na expectativa de que Ramon superasse Chris por conta da evolução do acreano em relação à disputa passada.
Em vídeo nas redes sociais, um dos árbitros da competição, o brasileiro criado nos Estados Unidos Terrick El Guindy, comentou sobre a disputa entre os dois rivais e explicou os motivos pelos quais o brasileiro ficou atrás: as diferenças entre a qualidade das poses e a largura dos dois.
“Ramon Dino melhorou as costas, a pose “duplo bíceps” dele foi muito boa, a realização das poses está melhorando. As poses dele estão perto de Chris Bumstead? Não. Esse é um dos grandes desafios”, explicou.
O jurado, no entanto, elogiou Ramon: “O condicionamento dele foi impecável. Podemos muito bem dizer que ele estava um pouco mais seco que o Chris”.
Terrick explicou o que o brasileiro precisa melhorar para superar Chris Bumstead no ano que vem. O primeiro passo está na apresentação, o famoso momento em que os atletas fazem as poses para a avaliação do júri.
“Primeiro, ele precisa ser um mestre nas poses, porque isso é o que Chris Bumstead é. A “side chest” (pose no fisiculturismo em que o atleta fica de lado) do Chris Bumstead é uma das melhores da história. Deve ser a melhor da história do fisiculturismo. Ele é um mestre da apresentação, ele sabe exatamente o que está fazendo”, contou.
As poses realizadas pelos fisiculturistas nos palcos são poses já existentes e pré-definidas no regulamento do torneio. A execução delas exige técnicas específicas. É importante que o atleta saiba como realizá-las da forma que melhor valorize o físico, a musculatura e os pontos fortes sem sair da execução e posicionamento técnicos definidos.
Uma das etapas da preparação dos competidores está nos ensaios das poses, normalmente feito com o auxílio do treinador ou de algum profissional da área.
Nos torneios de fisiculturismo, três pontos são avaliados: musculatura, simetria e apresentação. No primeiro quesito, a arbitragem leva em consideração o tamanho dos músculos em relação à estrutura óssea, volume, densidade e qualidade muscular, entre outros fatores técnicos ligados ao tópico.
A simetria avalia a harmonia do corpo, é necessário que a estrutura corporal tenha formas e proporções simétricas e harmônicas em relação ao todo.
Por fim, a apresentação é o momento em que os atletas precisam mostrar o resultado do trabalho e o físico. Nessa etapa, é montada uma espécie de “coreografia” em que os fisiculturistas precisam realizar as poses da maneira correta, realçando os pontos fortes, na ordem que julgarem melhor.
Este também é o momento de mostrar habilidade para posar, presença de palco e postura. Até o tom de pele escolhido pela equipe tem impacto nesse processo, já que a tinta aplicada pode realçar ou diminuir os grupos musculares e interferir na harmonia. A quantidade de brilho também precisa ser harmônico.
O jurado explicou ainda outro ponto que Ramon Dino precisará melhorar para superar o adversário: a largura do corpo.
“Chris Bumstead tem uma larga estrutura da clavícula, ele é muito largo. Então, nas poses “duplo bíceps” e “side chest”, ele está utilizando esse ponto forte contra alguns adversários que são mais estreitos. Ramon Dino evoluiu, a evolução dele nas costas o deixou mais equilibrado, se ele ainda puder preencher mais, deixar o físico ainda mais equilibrado, ele pode muito bem desafiar Chris Bumstead”, completou.
Por fim, Terrick ainda afirmou que Ramon Dino está perto do adversário: “Eu fui jurado do evento e posso falar: Chris Bumstead ainda está no topo do jogo, mas Ramon Dino está chegando”.