O jornalista norte-americano Evan Gershkovich, do The Wall Street Journal, que está preso há mais de um ano na Rússia por acusações de espionagem sem provas, será julgado em breve em Ecaterimburgo, nos Monts Urais. Autoridades russas divulgaram a informação na quinta-feira 13.
Uma acusação contra o repórter foi finalizada. Dessa forma, o caso foi encaminhado ao Tribunal Regional de Sverdlovsk, cidade que fica 1,4 km a leste de Moscou, de acordo com o escritório do Procurador Geral da Rússia.
Gershkovich é acusado de “coletar informações secretas” a pedido da CIA sobre a Uralvagonzavod, uma instalação na região de Sverdlovsk que produz e repara equipamentos militares. Tal acusação foi divulgada pelo escritório do Procurador-Geral russo em um comunicado, revelando pela primeira vez os detalhes das acusações contra ele.
Os oficiais não forneceram nenhuma evidência para respaldar as acusações. Não houve qualquer informação sobre quando o julgamento começaria.
O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tentou negociar a libertação do jornalista. Entretanto, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que consideraria uma troca de prisioneiros apenas depois de um veredicto em seu julgamento.
Gershkovich foi detido enquanto estava numa viagem de reportagem a Ecaterimburgo em março de 2023 e acusado de espionar para os EUA. O repórter, seu empregador e o governo norte-americano negaram as alegações. Dessa forma, Washington o designou como detido injustamente.
A acusação da Rússia contra o jornalista
O Serviço Federal de Segurança da Rússia alegou na época que o jornalista norte-americano estava agindo sob ordens dos EUA para coletar segredos de Estado. Publicamente, contudo, o órgão também não forneceu evidências.
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A detenção de Gershkovich, o primeiro jornalista norte-americano preso sob a acusação de espionagem desde o fim da Guerra Fria, destacou até que ponto a invasão da Ucrânia pela Rússia prejudicou as relações entre Moscou e Washington.
Uralvagonzavod, uma fábrica estatal de tanques e vagões de trem na cidade de Nizhny Tagil, cerca de 100 km ao norte de Ecaterimburgo, tornou-se conhecida em 2011. O local é tido como um reduto de apoio ao presidente russo, Vladimir Putin.
Putin disse acreditar que um acordo poderia ser alcançado para libertar Gershkovich, sugerindo que estaria aberto a trocá-lo por um russo preso na Alemanha, que parecia ser Vadim Krasikov. Ele estava cumprindo uma sentença de prisão perpétua pelo assassinato em 2019 de um cidadão georgiano de ascendência chechena em Berlim.
Indagado na semana passada pela agência de notícias Associated Press sobre Gershkovich, Putin disse que os EUA estão “tomando medidas energéticas” para garantir sua libertação. O presidente da Rússia disse a agências de notícias internacionais em São Petersburgo que tais liberações “não são decididas via mídia de massa” mas através de uma abordagem “discreta, calma e profissional”.
“E certamente devem ser decididas apenas com base na reciprocidade”, acrescentou Putin, aludindo a uma possível troca de prisioneiros. Gershkovich pode pegar até 20 anos de prisão se condenado.
Revista Oeste, com informações da Agência Estado e de agências de notícias internacionais