O jornalista português Sérgio Tavares publicou nas redes sociais que vai retornar ao Brasil para cobrir uma manifestação convocada por Jair Bolsonaro, em 21 de abril, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Em fevereiro, Tavares foi detido pela Polícia Federal (PF) no Aeroporto de Guarulhos ao entrar no país para cobrir um outro evento do ex-presidente em São Paulo.
“Disposto a ser detido”, escreveu o jornalista em um grupo no WhatsApp. “Lá estarei, dia 21 de abril, em Copacabana! Pela liberdade!”
Em um vídeo, Tavares afirmou que “o Brasil vive uma ditadura, perseguição política e violações constantes dos direitos humanos”. “Por isso mesmo, depois dos protestos gigantes em São Paulo, o povo brasileiro vai gritar novamente pela democracia e pela liberdade”, anunciou.
O português contou que “sentiu na pele a perseguição e a violação dos direitos” quando veio cobrir a manifestação anterior. “Fui tratado como criminoso, injuriado pela mentirosa Polícia Federal, que está a serviço do poder judicial, que mata a democracia do país”, disse.
O europeu falou ainda que está disposto a ser novamente detido, interrogado, “tratado como bandido e até morto”, se for preciso, para denunciar para a Europa e para o mundo que “o Brasil vive uma repressão e uma injustiça enormes”.
Assista ao vídeo do jornalista Sérgio Tavares:
Entenda o caso
Ao chegar ao Brasil, em 25 de fevereiro, o jornalista português Sérgio Tavares foi detido pela Polícia Federal (PF) sob a alegação de que ele precisaria de um visto para entrar no país. Porém, essa exigência não existe para repórteres que partem de países da União Europeia, como Portugal
Em nota, a PF informou que o procedimento é padrão. “Tal indivíduo teria publicado em suas redes sociais que viria ao país para fazer a cobertura fotográfica de um evento”, disse a corporação. “Todavia, para isso, é necessário um visto de trabalho, o que ele não apresentou.
Em entrevista exclusiva a Oeste, o advogado do jornalista português Eduardo Borgo classificou a prisão de Sérgio Tavares como ilegal. Ele explicou que existem acordos do Brasil com outros países, incluindo Portugal, que permitem a entrada desses profissionais no país sem a exigência de visto.
“Só teria sentido se ele estivesse sendo remunerado por uma empresa brasileira, que não era o caso de Sérgio Tavares”, explicou o advogado. “Ele é um jornalista, veio aqui para cobrir o evento de forma independente. Então, nesse caso, não há previsão de exigência de visto para a permanência dentro do Brasil até 90 dias.”