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Jogadores de Pokémon GO treinaram IA sem saber

Eu fui uma criança que assistia “Pokémon“. Fui um adolescente que jogou várias versões do jogo, em diferentes plataformas. E me tornei um adulto que continua consumindo a franquia. É justamente por isso que o dia 3 de agosto de 2016 não sai da minha cabeça. Foi o lançamento aqui no Brasil do game “Pokémon GO” (a estreia nos Estados Unidos ocorreu um pouco antes, em 6 de julho).

A ideia de você sair pelas ruas em busca dos monstrinhos era encantadora. Seria a experiência mais próxima da essência do game, que, sim, consiste em evoluir suas criaturas, mas, antes disso, em capturá-las. Todas elas.

Fui, com certeza, uma das primeiras pessoas a baixar o app aqui no País. E, assim, como eu, duvido que a esmagadora maioria dos usuários tenha lido as letrinhas minúsculas dos Termos de Uso.

Pois é, você autorizou a empresa Niantic a utilizar seus dados do jogo. Isso, claro, foi utilizado para melhorar a própria experiência de jogo. Mas não só isso. Acabamos de descobrir que a Niantic usou essas informações para criar um complexo modelo de inteligência artificial (IA).

Imagem promocional de Pokémon Go mostra smartphone exibindo imagem do pokémon Croagunk em realidade aumentada.
“Pokémon GO” vai completar uma década de existência em 2026 (Imagem: Divulgação/Niantic)

Uma inteligência espacial em cima de “Pokemón”

  • A esse ponto, você provavelmente já ouviu falar nos grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês);
  • Eles são os motores de chatbots, como o ChatGPT, da OpenAI;
  • Esses modelos são treinados em grandes quantidades de texto existente da internet para processar e produzir linguagem natural;
  • O que a Niantic quer é construir uma IA capaz de visualizar e mapear o espaço físico;
  • Mais do que isso: uma IA que possua algo similar à inteligência espacial dos humanos;
  • Eu separei um trecho do próprio blog da empresa que explica bem como funciona essa tecnologia:
  • “Quando você olha para um tipo familiar de estrutura – seja uma igreja, uma estátua ou uma praça da cidade – é bem fácil imaginar como ela pode parecer de outros ângulos, mesmo que você não tenha visto de todos os lados. Como humanos, temos “compreensão espacial”, o que significa que podemos preencher esses detalhes com base em inúmeras cenas semelhantes que já encontramos antes. Mas para máquinas, essa tarefa é extraordinariamente difícil. Até mesmo os modelos de IA mais avançados hoje lutam para visualizar e inferir partes ausentes de uma cena, ou para imaginar um lugar de um novo ângulo”;
  • Isso, segundo a Niantic, estaria prestes a mudar com a nova IA;
  • Em vez de Large Language Model (LLM), esse sistema tem o nome de Large Geospatial Model;
  • E a companhia o batizou como Visual Positioning System, ou VPS.

Onde o VPS será usado?

A Niantic colhe os dados sempre quem jogador de “Pokémon GO” (ou de outro jogo da empresa) escaneia uma nova parada. Ou faz outras ações durante o gameplay. Com esses parâmetros, o modelo pode construir mapas em 3D de alta fidelidade do mundo, que incluem geometria 3D (ou o formato das coisas).

Como revele o The Verge, a ideia da Niantic é ambiciosa: mapear o planeta inteiro dessa maneira. Além disso, com os grandes modelos geoespaciais, a empresa quer permitir às máquinas que não apenas percebam e entendam os espaços físicos, mas, também, interaja com eles de novas maneiras.

Isso será cada vez mais importante no desenvolvimento futuro de tecnologias ligadas a Realidade Aumentada (RA), Robótica e carros autônomos. Pois é, um universo que vai muito além dos jogos. E tem gente que ainda acha que videogame é coisa de criança…




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Via Olhar Digital

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