Uma das maiores escritoras dos últimos tempos JK Rowling tem se tornado a figura de ódio número 1 das elites culturais e de ativistas transsexuais, segundo um artigo publicado pelo jornal Spiked nesta terça-feira, 28.
JK Rowling é autora do renomado best seller Harry Potter, que foi retratado em oito filmes da Warner Bros. Inclusive, o filme Relíquias da Morte – Parte 2 foi a maior bilheteria da empresa desde 2011, chegando a US$ 1,342 bilhão —sendo superado por Barbie.
Até os lançamentos de seus livros e o sucesso da saga de filmes Harry Potter, JK Rowling era tida como uma autora infantil adorada. Segundo a jornalista Lauren Smith, era “creditada por atrair uma geração de jovens para a literatura”.
Durante a época, chegou a ser atacada por “cristão ultra-religiosos” dos Estados Unidos, que viam a história de um bruxo como algo “satânico” e, portanto, poderia ensinar a prática aos seus filhos.
“Durante a maior parte de sua carreira, Rowling foi abraçada pelos grandes e bons”, destacou Smith. “Afinal, ela era de esquerda imaculadamente liberal. Ela votou no Trabalhismo. Ela amava Barack Obama e Hillary Clinton. Ela votou em Permanecer no referendo da UE. Ela falou abertamente sobre o feminismo e os direitos das mulheres. Por que ela poderia ser demonizada?”
“A resposta? Ela acredita em uma coisa chamada sexo biológico. Ela não acredita que os homens possam tornar-se mulheres —opinião que é defendida pela grande maioria da população”, afirmou o artigo.
O simples fato de JK Rowling a colocou como principal alvo de ativistas transsexuais. Tudo isso depois que uma usuária do Twitter/X descobriu que a autora “curtiu” um tweet de 2018 que falava sobre o assunto. A publicação descrevia mulheres trans como “homens vestidos”.
Quando a curtida ao tweet virou tópico de discussão e ódio entre ativistas, a equipe de JK Rowling disse que ela teria curtido a publicação por acidente, o que gerou uma dúvida plausível.
JK Rowling se posiciona quanto à causa trans
JK Rowling tornou pública sua posição sobre a causa trans em 2019 —irritando ainda mais ativistas dessa causa. Ficou ao lado da pesquisadora Maya Forstater, que perdeu o emprego no Centro de Desenvolvimento Global depois de publicar no Twitter/X ser contra uma proposta do governo britânico que tornaria mais fácil aos transgêneros mudarem de sexo legalmente.
“Vista-se como quiser. Chame a si mesmo do que quiser. Durma com qualquer adulto que consinta você. Viva sua melhor vida em paz e segurança. Mas forçar as mulheres a deixarem seus empregos por afirmarem que sexo é real? #IStandWithMaya (eu apoio Maya)”, declarou JK Rowling no Twitter/X.
Em 2020 as campanhas de ódio contra a autora decolaram. Segundo a coluna, isso ocorreu porque JK Rowling usou seu Twitter/X para “zombar do uso de frases ‘trans-inclusivas’ estranhas e sem sentido para descrever mulheres”.
Em meio às críticas, a autora explicou não ter problemas com pessoas trans, mas que se preocupava com a “invisibilidade” do sexo biológico feminino poderia ameaçar direitos “duramente conquistados” ao longo dos séculos pelas mulheres. Chegou a demonstrar solidariedade aos transsexuais.
“Acredito que a maioria das pessoas trans identificadas não apenas representam uma ameaça zero para os outros, mas são vulneráveis. As pessoas trans precisam e merecem proteção. Não sinto nada além de empatia e solidariedade com as mulheres trans que foram abusadas por homens”, disse JK Rowling.
Mesmo assim, ativistas trans conseguiram as ondas de ataques à JK Rowling, chamando-a de “problemática”, “odiosa” e “transfóbica”. Levando ao lado pessoal, afirmaram que a autora “falhou com eles” e que “traiu o mundo que criou”.
JK Rowling sofre boicote
Depois de todos os posicionamentos sobre o assunto, JK Rowling passou a sofrer um boicote de fãs e grupos de ativistas trans. Os manifestantes chegaram a fazer campanhas para que não fossem compradas novas cópias dos livros ou dos filmes de Harry Potter.
Os próprios atores que interpretaram aos personagens fictícios de JK Rowling não lhe prestaram apoio. “Foi cercada pelas estrelas dos filmes que, sejamos honestos, não estariam em lugar nenhum se não fosse pela autora”, destacou Lauren Smith no artigo.
Daniel Radcliffe (Harry Potter) disse que “mulheres trans são mulheres”. Emma Watson (Hermione Granger) divulgou um comunicado dizendo que “as pessoas trans são quem dizem ser e merecem viver suas vidas sem serem constantemente questionadas”.
Rupert Grint (Ron Weasley), Bonnie Wright (Ginny) e Eddie Redmayne (que estrelou a franquia spin-off de Animais Fantásticos) também emitiram declarações pró causa trans.
Em 2023 um painel de Harry Potter na Comic Con de Londres foi cancelado depois que uma instituição de caridade LGBT falar sobre o “impacto” que poderia ter sobre “indivíduos trans”. Já o Museu de Cultura Pop de Seattle chegou a remover o nome de Rowling da exposição de Harry Potter.