A rotação da estrela V889 Herculis desafia o que astrônomos sabem sobre estrelas. Geralmente, elas giram mais rápido no meio (equador) do que nos polos. É assim no nosso Sol, por exemplo. Já na V889 Herculis, a rotação é mais rápida nas latitudes médias – região entre equador e polos. E isso é um mistério.
Por mais que cada estrela gire no seu ritmo, até então acreditava-se que elas giravam do mesmo jeito. Era o que fazia sentido. A física batia com as observações. Aí, pesquisadores olharam para a V889 Herculis. E notaram anomalias para as quais não têm respostas.
O artigo sobre a pesquisa, que levanta mais perguntas do que respostas, foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics. A publicação recebeu o texto em março de 2024 e o aceitou nesta sexta-feira (02).
Estrela parece o nosso Sol, mas gira de um jeito diferente
Quando astrônomos começaram a rastrear manchas solares, perceberam que o Sol girava. Até aí, sem surpresas. Mas observações mais minuciosas revelaram que, diferente de planetas e luas, a velocidade mudava conforme a região.
Para você ter ideia, o equador do Sol leva cerca de 25 dias terrestres para girar, enquanto os polos demoram aproximadamente 34 dias. E nas latitudes médias os valores são intermediários.
A V889 Herculis parece o Sol em alguns aspectos. E é bem diferente em outros. Para começar, a estrela tem massa e temperatura um pouco maiores que as do Sol. Mas é bem mais nova: tem 50 milhões de anos. O Sol tem aproximadamente 4,6 bilhões de anos.
Quase 15 anos atrás, um estudo constatou algo esperado: o equador da estrela gira mais rápido que os polos, ultrapassando-os aproximadamente a cada 150 dias. Mas a pesquisa ignorou as latitudes médias.
Então, uma equipe de pesquisadores, liderada por Mikko Tuomi da Universidade de Helsinque, decidiu olhar para essas latitudes. E isso complicou as coisas. Isso porque descobriram que a rotação máxima ocorre em latitudes de 37-40 graus. Ou seja, o equador gira mais devagar do que as latitudes médias.
“Aplicamos uma técnica estatística recém-desenvolvida aos dados de uma estrela familiar que vem sendo estudada na Universidade de Helsinque há anos. Não esperávamos ver tais anomalias na rotação estelar”, disse Tuomi em entrevista ao site da universidade.
“As anomalias no perfil rotacional de V889 Herculis indicam que nosso entendimento da dinâmica estelar e dos dínamos magnéticos é insuficiente”, finaliza.