Embora não tenha um cargo oficial no governo brasileiro, Janja da Silva, mulher do presidente Lula da Silva, conta com 12 assessores. Juntos, esses funcionários recebem por mês R$ 160 mil. A equipe responde também por uma despesa acumulada nos últimos três anos de R$ 1,2 milhão em viagens para a acompanhar a primeira-dama.
Os números fazem parte de uma reportagem que o jornal O Estado de S. Paulo publicou nesta quinta-feira, 26. O grupo que presta serviços para Janja reúne assessores de imprensa, fotógrafos, especialistas em redes sociais e até um militar como ajudante de ordens.
Janja tem estafe de ministro
Janja usa profissionais que, na prática, deveriam trabalhar para o governo brasileiro. Ou seja, por extensão, trabalhar em favor dos pagadores de impostos. Mas não é o que acontece. Essa equipe, conforme a própria primeira-dama demonstra nas redes sociais, a auxilia na produção e na divulgação de conteúdos pelos quais Janja tenta se promover.
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) informa a relação de funcionários que estão à disposição de Janja. São ao menos 11 profissionais que deveriam executar funções institucionais. Isto é, para a Presidência ou para outros gabinetes. Para ter uma ideia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem menos de dez secretários diretos.
Os assessores de Janja estão vinculados a setores específicos do governo, mas trabalham para a primeira-dama. É o caso, por exemplo, de Neudicléia Neres de Oliveira. Ela é assessora especial do Gabinete Pessoal do Presidente da República. No organograma do time de Janja, no entanto, Neudicléia é uma espécie de chefe do ‘gabinete informal’ da mulher de Lula.
Outro nome em condição similar é Brunna Rosa Alfaia. Oficialmente seu cargo “pertence” à Secom, do ministro Paulo Pimenta. No dia a dia, contudo, ela tem a missão de ajudar Janja a conquistar mais seguidores e visualizações nas redes sociais, especialmente no Instagram.
Primeira-dama quis ter gabinete especial
De acordo com a Casa Civil da Presidência da República, Janja não tem uma equipe formal, mas dispõe de integrantes do Gabinete Pessoal da Presidência da República que a auxiliam eventualmente. Se dependesse da primeira-dama, no entanto, a situação seria outra. Ela, inclusive, chegou a projetar o que seria o seu gabinete.
No início do terceiro mandato do marido, Janja fez campanha por um cargo próprio. A ideia não vingou. Aliados de Lula dentro do governo o advertiram sobre risco de configuração de nepotismo, que é o favorecimento a parentes e familiares.