sábado, novembro 23, 2024
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Já pensou em comer um robô? Em breve, isso pode acontecer

Que os robôs estão evoluindo dia após dia, nós já sabemos. Mas não estamos preparados para a próxima evolução. Cientistas da EPFL estão trabalhando em um robô comestível. Sim, é isso mesmo que você acabou de ler.

A “delícia” em questão é o RoboFood (nome que diz tudo). Trata-se de projeto que visa juntar robôs e alimentos para reduzir o desperdício eletrônico, fornecer nutrição e medicamentos a pessoas e animais, monitoramento da saúde e abrir espaço para novas experiências gastronômicas, explana o TechXplore.

Só que como será que os cientistas transformarão robôs – inorgânicos, volumosos e não-descartáveis – de alimentos – orgânicos, macios, comestíveis e biodegradáveis –?

É aí que os cientistas do RoboFood trabalharam um artigo, publicado na Nature Reviews Materials, no qual explanam quais são os desafios e como os superarão.

Conceito do robô comestível (Imagem: Materiais de Avaliações da Natureza [2024]. DOI: 10.1038/s41578-024-00688-9)

Robô comestível? Será que é bom?

  • “Juntar robôs e alimentos é um desafio fascinante”, afirma Dario Floreano, diretor do Laboratório de Sistemas Inteligentes da EPFL e primeiro autor do artigo;
  • Floreano e Remko Boom, da universidade de Wageningen (Holanda), começaram a trabalhar na ideia em 2021, junto a Jonathan Rossiter da Universidade de Bristol (Inglaterra), e Mario Caironi do Instituto Italiano de Tecnologia;
  • No artigo, eles expõem os ingredientes comestíveis que podem ser utilizados para criar as peças de robôs que podemos devorar, bem como robôs inteiros;
  • “Ainda estamos descobrindo quais materiais comestíveis funcionam de forma semelhante aos não comestíveis”, diz Floreano;
  • Ou seja, a gelatina poderia substituir a borracha, biscoitos de arroz têm condições de passar por espuma, uma película de chocolate protege os robôs em ambientes úmidos e, ainda, a mistura de amido e tanino é capaz de imitar colas comerciais.

“Há muitas pesquisas sobre componentes comestíveis únicos, como atuadores, sensores e baterias”, conta Bokeon Kwak, pós-doutorado no grupo de Floreano e um dos autores.

Primórdios do projeto

Em 2017, os cientistas da EPFL conseguiram criar, com sucesso, uma pinça comestível. Ela foi feita de gelatina, capaz de segurar uma maçã e, na sequência, ser comida.

Há pouco, EPFL, IIT e a Universidade de Bristol desenvolveram uma tinta condutora que pode ser pulverizada nos alimentos e detectar seu crescimento.

Ela tem carvão ativado como condutor. Já gomas em formato de ursinhos são utilizadas como aglutinante. Demais sensores instalados detectam pH, luz e curvatura.

Em 2022, pesquisadores de EPFL e Universidade de Wageningen criaram um drone com asas feitas de biscoitos de arros e colados com gelatina. Os cientistas da EPFL também se juntaram com os do IIT para desenvolver robô rolante parcialmente comestível, com pernas pneumáticas de gelatina e sensor de inclinação comestível.

Há um ano, cientistas do IIT conseguiram criar a primeira bateria comestível recarregável do mundo, desenvolvida a partir da vitamina B2 e da quercetina (encontrada em amêndoas e alcaparras).

Eles foram adicionados aos polos da bateria e, para facilitar o transporte de elétrons, foi utilizado carvão ativado. Algas nori, que são o embrulho do sushi, evitam curtos-circuitos.

A bateria tem 4 cm de largura e é embalada com cera de abelha, capaz de operar a 0,65 V, voltagem essa segura para ser ingerida. Dois desses dispositivos comestíveis conectadas em série podem alimentar diodo emissor de luz por cerca de dez minutos.

Uma vez que todos esses componentes estiverem prontos, os pesquisadores querem juntá-los e começar a produzir robôs 100% comestíveis. Hoje em dia, eles têm sistemas robóticos parcialmente comestíveis.

Exemplo de peças robóticas comestíveis (Imagem: École Polytechnique Federale de Lausanne)

Desafios

É claro que, apesar dos avanços, muito ainda precisa ser feito e desafios precisam ser superados. Um deles trata da falta de compreensão sobre como humanos e animais percebem alimentos processados com comportamentos reativos e autônomos.

Ainda, eletrônicos 100% comestíveis que usam transistores e processam informações seguem difíceis de fabricar.

Mas o maior desafio técnico é juntar as peças que utilizam eletricidade para funcionar, como baterias e sensores, com aquelas que utilizam fluidos e pressão para se moverem, como atuadores.

Bokeon Kwak, pós-doutorado no grupo de Floreano e um dos autores

Uma vez que todos os componentes forem integrados, será necessário miniaturizá-los, aumentar a vida útil dos alimentos robóticos e, naturalmente, dar bom sabor aos robôs.

Via Olhar Digital

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