Não há dúvidas de que, com níveis de aprendizado estagnados desde antes da pandemia, com um a cada dois brasileiros ainda sem acesso a saneamento, com uma população que envelhece mais rápido do que produz riqueza, não faltam motivos para defender melhorias na infraestrutura, no bem-estar na população e na necessidade de crescimento do Brasil.
Mas, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diz que, para quem está em sua posição, “dinheiro bom é dinheiro transformado em obras”, com o histórico da qualidade dos projetos e do uso dos recursos públicos, às vésperas de um ano eleitoral e em meio à discussão sobre metas fiscais, não há como não ter um pé atrás diante dessa declaração.
É pública a disposição do governo em abrir torneiras em nome do crescimento da economia, e que moderar esse ímpeto em nome da responsabilidade fiscal se tornou a mais inglória e isolada das tarefas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O chefe da Casa Civil, Rui Costa, garante que isso não significa aumento de gastos, por imposição da regra fiscal. Ficou evidente, contudo, a visão do governo sobre a serventia do dinheiro público: custear as obras que o presidente tanto gosta de entregar.