Diplomatas brasileiros com quem a CNN conversou na manhã desta segunda-feira (20) relataram a percepção de que, nas primeiras horas após a vitória de Javier Milei, ter ficado claro que o foco inicial de seu governo na política externa será os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, existe a expectativa de que o governo brasileiro envie Geraldo Alckmin à posse do novo presidente.
O motivo para a inclinação aos Estados Unidos, segundo relatos, é de que está em Washington a chave para a largada do novo governo argentino: a busca de condições econômicas para que ele inicie seu governo. Os Estados Unidos são os principais sócios do FMI, que emprestou US$ 44 bilhões de dólares ao país.
As informações que chegaram a diplomacia brasileira é de que Milei deverá visitar o país até mesmo antes da posse para evitar um default e melhorar as condições econômicas do país no início de seu governo.
Diplomatas responsáveis por essa interlocução com o novo governo argentino afirmaram à CNN que o momento é de “acomodação” e espera para que os nomes que conduzirão o governo Milei sejam definidos.
Antes mesmo do anúncio do resultado, como revelou a CNN, houve contatos dos brasileiros com o entorno de Milei, como Guillerme Francos, cotado para ministro do Interior, a vice Victoria Villaruel e a provável chanceler Diana Dondino. A avaliação é que esses contatos já foram abertos, e agora é preciso esperar as posições de cada um no governo.
Há a leitura também de que o convite feito por Milei para que o ex-presidente Jair Bolsonaro vá a sua posse é um indicativo claro de que não haverá pragmatismo na política externa. Chegou ao Itamaraty por exemplo a informação de que o ex-chanceler Ernesto Araújo, por exemplo, esteve no bunker de Milei neste domingo.
Muito embora diplomatas digam que não tenham sido surpreendidos com o convite, há uma expectativa de que a ala pragmática da coalizão de Milei representada pelo grupo do ex-presidente argentino Mauricio Macri possa ser atuante em alguns setores estratégicos, como economia e política externa.
Ainda assim, a diplomacia brasileira vê como necessário o envio, para a posse, de um representante de ponta do governo brasileiro, como o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Além de ser discreto e de não ser conhecido do público argentino — um dos receios do entorno de Lula é ser vaiado pela ala mais dura de apoiadores de Milei—, Alckmin não é propriamente um político de esquerda.
Além disso, o Brasil tem de tomar uma decisão imediata com Milei até dezembro no que diz respeito à assinatura do acordo birregional Mercosul-União Europeia.
E, como ministro do Desenvolvimento e da Indústria, Alckmin tem interesse e responsabilidade direta pelo êxito desse acordo, razão por que também faria sentido que, pelo menos nesse primeiro momento, ele tomasse à frente da interlocução do governo brasileiro com a Argentina.
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