sexta-feira, novembro 22, 2024
InícioPolíticaItamaraty de Lula condena assassinato de líder do Hamas, mas...

Itamaraty de Lula condena assassinato de líder do Hamas, mas…

Em 10 de outubro do ano passado, as autoridades israelenses confirmaram as mortes de dois civis brasileiros: Bruna Valeanu e Ranani Glazer. Eles haviam sido sequestrados três dias antes por integrantes do Hamas. Ao se posicionar em relação à situação, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil se limitou a indicar “profundo pesar” — e não citou em nenhum momento o grupo terrorista como responsável pelos assassinatos. Nesta quarta-feira, 31, o Itamaraty teve postura diferente ao divulgar nota a respeito de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, que foi morto em Teerã, capital do Irã, horas antes. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de ressaltar que “condena veementemente o assassinato” do terrorista, além de registrar o “flagrante desrespeito à soberania e à integridade territorial” do país islâmico.

Até no tamanho dos comunicados, o MRE deu mais atenção à eliminação do líder de um grupo terrorista do que aos dois brasileiros raptados e, consequentemente, assassinados por membros do movimento extremista que tem como base a Faixa de Gaza. A soma das notas sobre Bruna e Glazer totaliza 136 palavras — sem condenar em momento algum os responsáveis pelos crimes. Sozinha, a manifestação referente a Haniyeh totaliza 208 palavras. Nesse caso, o Itamaraty lamentou o que classificou como “atos de violência”.

“Tais atos dificultam ainda mais as chances de solução política para o conflito em Gaza, ao impactarem negativamente as conversações que vinham ocorrendo para um cessar-fogo e a libertação dos reféns”, afirmou o governo Lula, sobre a morte do líder do Hamas e sem citar que a situação bélica teve início por causa do grupo terrorista, que, em 7 de outubro de 2023, invadiu o sul de Israel para sequestrar, estuprar e matar civis. Até hoje, mais de cem pessoas seguem em cativeiros espalhados por Gaza.

No comunicado em que lamenta a morte de um líder extremista, o Itamaraty cobrou pelo “cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza”. Na nota, o MRE não define o Hamas como grupo terrorista.

Leia mais:

Mauro Vieira é o ministro à frente do Itamaraty desde o início do atual governo Lula, em janeiro de 2023. Ex-chanceler, Celso Amorim também integra o Poder Executivo federal. Ele é o chefe da Assessoria Especial do Presidente da República.

Íntegras das notas do Itamaraty

Leia, abaixo, as íntegras das três notas do MRE.

  • Assassinato do brasileiro Ranani Glazer — 10/10/2023, às 8h02

“Falecimento de cidadão brasileiro em Israel

O Governo brasileiro tomou conhecimento, com profundo pesar, do falecimento do cidadão brasileiro Ranani Nidejelski Glazer, natural do Rio Grande do Sul, vítima dos atentados ocorridos no último dia 7 de outubro, em Israel.

Ao solidarizar-se com a família, amigas e amigos de Ranani, o Governo brasileiro reitera seu absoluto repúdio a todos os atos de violência, sobretudo contra civis.”

  • Assassinato da brasileira Bruna Valeanu — 10/10/2023, às 15h16

“Morte de cidadã brasileira em Israel

O governo brasileiro lamenta e manifesta seu profundo pesar com a morte da cidadã brasileira Bruna Valeanu, de 24 anos, natural do Rio de Janeiro, segunda vítima dos atentados ocorridos no último dia 7 de outubro em Israel.

Ao solidarizar-se com a família, amigas e amigos de Bruna, o governo brasileiro reitera seu total repúdio a todos os atos de violência contra a população civil.”

  • Morte do terrorista palestino Ismail Haniyeh — 31/7/2024, às 13h09

“Assassinato do chefe do Escritório Político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã

O governo brasileiro condena veementemente o assassinato do chefe do Escritório Político do Hamas, Ismail Haniyeh, ocorrido hoje, 31/7, em Teerã.

O Brasil repudia o flagrante desrespeito à soberania e à integridade territorial do Irã, em clara violação aos princípios da Carta das Nações Unidas, e reafirma que atos de violência, sob qualquer motivação, não contribuem para a busca por estabilidade e paz duradouras no Oriente Médio. Tais atos dificultam ainda mais as chances de solução política para o conflito em Gaza, ao impactarem negativamente as conversações que vinham ocorrendo para um cessar-fogo e a libertação dos reféns.

O Brasil reitera o apelo a todos os atores para que exerçam máxima contenção, de modo a impedir que a região entre em conflito de grandes proporções e consequências imprevisíveis, às custas de vidas civis e inocentes, bem como exorta a comunidade internacional para que envide todos os esforços possíveis com vistas a promover o diálogo e conter o agravamento das hostilidades.

O governo brasileiro reitera que, para interromper a grave escalada de tensões no Oriente Médio, é essencial implementar cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, em cumprimento à Resolução 2735 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.”

E mais: “A diplomacia imoral”, por J. R. Guzzo

E ainda: “Amorim é o passarinho de Lula”, por Augusto Nunes

Via Revista Oeste

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui