A Itaipu Binacional destinou R$ 15 milhões em patrocínio para o Festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que ocorrerá no Rio de Janeiro a partir desta quinta-feira, 14, até o próximo sábado, 16. O apoio financeiro da empresa também abrange a Cúpula do G-20 Social e eventos paralelos.
O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras foram questionados pelo O Estado de S. Paulo sobre os valores investidos no evento, mas essas empresas não responderam. O BNDES, por sua vez, respondeu, mas se negou a divulgar os números.
Em comunicado, a instituição afirmou que “eventuais demandas de imprensa deverão ser encaminhadas ao Ministério da Cultura”. O Ministério, em nota, disse que revelaria o valor investido mais tarde.
A postura do BNDES contraria sua própria prática de divulgar valores, algo comum em seu site. O financiamento público de eventos por meio de estatais tem sido uma constante durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Jaja Silva participou ativamente do planejamento do festival
O festival ganhou destaque nas redes sociais em razão da presença da primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja. Antes de se tornar uma figura pública, Janja trabalhou na Itaipu entre 2005 e 2020, onde atuou como assistente do então diretor-geral, Jorge Samek.
Com atrações de peso como Alceu Valença, Zeca Pagodinho e Ney Matogrosso, o evento ocorrerá na Praça Mauá, nas proximidades do Museu do Amanhã, com entrada gratuita. O festival foi planejado para coincidir com os dias da Cúpula Social do G-20, um encontro de representantes da sociedade civil.
Além disso, outra estatal envolvida no evento, o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), afirmou que não destinou recursos financeiros ao festival. No entanto, a empresa teve um papel consultivo na área de conectividade. Explicou ainda que, como parceira do Itamaraty e do governo Lula no G-20, sua participação se limitou à infraestrutura tecnológica.
Segundo o Ministério da Cultura, a realização do evento contou com o apoio da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), uma organização multilateral. Além das estatais, a prefeitura do Rio de Janeiro, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) figuram como “parceiros”.
Os artistas confirmados no festival receberão um cachê simbólico de R$ 30 mil. São 29 nomes garantidos na programação.
A Secretaria-Geral da Presidência da República teve papel importante na organização. Sua atuação foi essencial, especialmente nas relações com os movimentos sociais. Além disso, a Secretaria-Geral foi a principal responsável pela coordenação do G-20 Social.
Itaipu considera o evento de “importância estratégica”
A Itaipu Binacional afirmou, por meio de uma nota, que considera o evento de “importância estratégica”. A empresa destacou seu papel no patrocínio de ações globais sobre temas como fome, pobreza e questões climáticas.
“Com esse patrocínio, Itaipu reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade social, participando ativamente de discussões globais de alto nível”, disse a estatal por meio de nota. “A presença do diretor da Itaipu em mesas de debates com ministros e a primeira-dama, e sua participação em eventos com chefes de Estado reforça o posicionamento da empresa no debate sobre sustentabilidade e práticas ESG.”