A guerra que Israel vem travando em várias frentes já é a mais longa de sua história. Desde 7 de outubro, quando ocorreram os ataques do Hamas, até esta sexta-feira, 1º, são 391 dias de conflito. O número só perde para os 18 anos de incursão israelense no Líbano, entre 1982 e 2000 que, no entanto, não pode ser caracterizada formalmente como uma guerra.
Antes, Israel participou da Guerra de Independência, que durou de 15 de maio de 1948 a 10 de março de 1949, 299 dias. Depois, veio a Guerra do Sinai, entre 29 de outubro e 7 de novembro de 1956, nove dias.
Nos últimos meses, o país tem passado por momentos inéditos, que certamente entrarão como acontecimentos marcantes a serem estudados em livros de História no futuro.
A guerra se estendeu para o Líbano, onde Israel iniciou ataques contra o Hezbollah, depois de o grupo terrorista ter lançado mais de 9 mil mísseis em território israelense desde 7 de outubro.
O mais impactante destas ocorrências foi o fato de, pela primeira vez em sua existência, Israel ter entrado em confronto direto contra o Irã. O cenário se ampliou de uma guerra contra organizações terroristas para uma guerra entre nações.
O país persa realizou o seu primeiro ataque a Israel em 13 de abril deste ano, sob o pretexto do ataque israelense a uma representação diplomática iraniana em Damasco, no dia 1º de abril. E o segundo, no dia 1º de outubro, em retaliação à morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, ocorrida em 27 de setembro.
Riscos da falta de estratégia
Peter Mansoor, um coronel aposentado do Exército dos Estados Unidos (EUA) e professor de história militar, foi um dos que definiram esta situação como “a mais longa guerra de Israel”.
Ele observou, ao TribLIVE.com que, assim como a invasão do Afeganistão depois dos ataques de 11 de setembro, a busca por um objetivo militar claro pode se transformar em um conflito prolongado e indeciso, caso não haja um planejamento adequado para a estabilização política depois da ação militar.
Mansoor acrescentou que “as guerras baseadas na vingança podem ser eficazes para punir um inimigo, mas também podem criar um vácuo de poder que gera um longo e mortal conflito que falha em fornecer estabilidade sustentável”.
O especialista advertiu que a experiência dos EUA no Afeganistão poderia se repetir em Gaza, onde a falta de uma estratégia clara pode levar a um quadro de quagmire. Isso ocorre quando a situação chega a um impasse militar, difícil e complicado de se sair.