A visita do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, à Arábia Saudita, nesta segunda-feira, 29, se tornou um passo importante na formalização de um acordo de paz entre o reino saudita e Israel. A aliança, vista como inviável há algumas décadas, está próxima de se concretizar, na opinião de Blinken.
Nem mesmo a acusação que pesa sob o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, serviu para minar os esforços do presidente Joe Biden em selar os laços de amizade entre Israel e Arábia.
Biden esteve em Riad em 2022 e, apesar de ter pressionado Salman sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, executado e esquartejado no consulado saudita em Istambul, em 2018, manteve uma visita cordial.
A agenda foi pautada por temas em comum, com assuntos como energia, defesa e cibersegurança.
Importância simbólica de um acordo
No xadrez do Oriente Médio, Israel poderá encerrar o conflito com o grupo terrorista ainda antes do previsto pelas Forças de Defesa de Israel (FDI).
Em compensação, está na iminência de se aliar, dos pontos de vista diplomático, comercial e militar, ao maior rival iraniano, que financia os grupos terroristas na fronteira com Israel.
Seria, neste sentido, uma derrota para o Hamas que, com os ataques de 7 de outubro, visava justamente a inflamar o mundo árabe, inclusive o governo saudita, em uma onda hostil que isolaria novamente Israel, depois dos Acordos de Abraão, de 2020. Na ocasião, o país judaico estabeleceu relações diplomáticas com Emirados Árabes e Bahrein.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou recentemente que um “acordo de paz histórico” com a Arábia Saudita seria de grande importância para Israel, em função da relevância política e econômica saudita. Assim como, prosseguiu ele, por causa da importância simbólica do país saudita no mundo árabe e islâmico.
As conversas entre sauditas e israelenses estavam adiantadas na ocasião. No dia 26 de setembro, o ministro de Turismo de Israel, Haim Katz, chegou à Arábia Saudita, na primeira visita pública de um ministro israelense ao reino.
Também o Hezbollah admitiu que o ataque do Hamas se tornou uma tentativa de afastar Israel dos sauditas, ao dizer que foi feito para lembrar que “o problema palestino é uma questão viva que não morrerá até a vitória e a libertação”.