sábado, novembro 23, 2024
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Investigado no caso Marielle é um dos alvos da operação da PF e do MP contra a milícia

Subtenente Antonio João Vieira Lázaro é ex-assessor de Domingos Brazão, que é conselheiro do TCE

Entre os 17 mandados de busca e apreensão nas mãos das equipes da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio na manhã desta terça-feira, que miram a milícia de Luís Antonio da Silva Braga, o Zinho, consta como um dos alvos o subtenente da PM Antonio João Vieira Lázaro. O policial militar também teve seu nome envolvido nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018, quando foi citado pelo miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, como participante de um encontro com os líderes do Escritório do Crime, para encomendar a morte.

No depoimento de Curicica à Polícia Federal e a procuradores da República, colhido no presídio federal de Mossoró (RN), durante as investigações do crime, que também matou o motorista Anderson Gomes, o miliciano citou ter participado de um encontro com o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, um dos chefes do grupo de matadores conhecido como Escritório do Crime. Ronald é acusado de liderar a milícia de Rio das Pedras e da Muzema, na Zona Oeste, além de ser comparsa do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, morto em 2020.

Aquela reunião, realizada em 2017, aconteceu no Mirante do Roncador, no Recreio dos Bandeirantes. Além de Curicica e Ronald, estiveram presentes Hélio Paulo Ferreira, conhecido como Senhor das Armas, e o subtentente Antonio João Vieira Lázaro.

AS MILÍCIAS NO RIO: O QUE VOCÊ PRECISA SABER

  •  As milícias são grupos paramilitares, que disputam com os traficantes espaço na subjugação de comunidades carentes e bairros na capital e em outros municípios fluminenses. Em 2005, reportagem do GLOBO revelou que essas quadrilhas formadas por policiais e ex-policiais tinham assumido o controle de 42 favelas na Zona Oeste do Rio.
  • Após uma década de expansão e fortalecimento, os grupos milicianos dominam e exploram regiões que se espalham por dezenas de bairros do Rio e no entorno da capital, brigam por novos territórios com um arsenal militar. Corrompem, matam e se infiltram nas instituições. Quase sempre sem punição.
  • Em meio a uma crise interna, a maior milícia do Rio deu, no dia 23 de outubro, uma demonstração de força e parou a capital do estado em represália à morte de um dos integrantes de sua cúpula. Após Matheus da Silva Rezende, o Faustão, apontado como número 2 da hierarquia da milícia chefiada por seu tio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, ser morto a tiros pela polícia, seus comparsas incendiaram 35 ônibus e um trem e impactaram o transporte público em uma dezena de bairros da Zona Oeste.

Na operação desta terça-feira, Lázaro não foi denunciado pelo MP, mas foi alvo de mandado de busca e apreensão. Equipes da PF e do MP estiveram em sua casa, durante a manhã, para pegar celular, computador e documentos.

Em 2006, Antonio Lázaro foi homenageado no plenário da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Na ocasião, ele recebeu uma moção de congratulação e louvor, enquanto ainda era cabo da Polícia Militar. Lotado no 18º BPM (Jacarepaguá) à época, o PM foi destacado como “exímel (sic) policial militar” no “desempenho de suas funções profissionais, como exemplo de cidadania”.

Operação Dinastia

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Federal deflagraram, na manhã desta terça-feira, a segunda fase da Operação Dinastia. O objetivo é cumprir 12 mandados de prisão preventiva e 17 mandados de busca e apreensão contra integrantes da milícia comandada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, que atua em bairros da Zona Oeste carioca. Um dos mandados de prisão é contra ele, que é considerado o bandido mais procurado do estado. Cinco pessoas foram presas e houve apreensão de armas e documentos, segundo a TV Globo.

Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, é empresário e irmão de Ecko, líder da milícia — Foto: Reprodução

Esta segunda fase da investigação é um desdobramento da operação deflagrada em 25 de agosto de 2022, que também resultou na deflagração da Operação Batismo, realizada nesta segunda-feira, contra o núcleo político da organização — que teve como alvo a deputada estadual Lucinha (PSD). A ação desta terça-feira visa a desmantelar o núcleo financeiro do grupo paramilitar, identificando a estrutura de imposição de taxas ilegais a grandes empresas e pequenos comerciantes locais, assim como as contas correntes beneficiárias dessas cobranças.

De acordo com o g1, os presos nesta terça-feira são: Alexandre Calderaro, o Noque; Delson Xavier de Oliveira; Jaaziel de Paula Ferreira; Renato de Paula da Silva; e William Pereira de Souza.

Os presos e o material apreendido serão encaminhados para Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio.

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