A Hedgepoint Global Markets, companhia especializada em commodities agrícolas, elaborou um relatório sobre as consequências das inundações do Rio Grande do Sul para o mercado de grãos. Além do impacto humano, as piores inundações da história do Estado também trouxeram grande volatilidade para a produção de soja e e também de milho.
Com as chuvas, o ritmo de colheita, que se encontra em 76% do total, está atrasado em relação à média histórica para o período, que é de 83%. Diante disso, cerca de 5M mt de soja ainda estão “no chão” no RS e sob risco de impacto das enchentes.
De acordo com o relatório da Hedgepoint, ainda é muito difícil precisar quanto da soja que ainda está para ser colhida será impactada. Estimativas iniciais apontam para uma redução de 1 a 2M mt da safra do Estado.
Segundo o analista de Grãos e Macroeconomia da Hedgepoint, Alef Dias, ainda é muito difícil precisar quanto da soja que ainda está para ser colhida será impactada.
“Os campos ainda estão alagados nas regiões mais afetadas, e as previsões para os próximos dias ainda mostram uma continuidade das chuvas, dificultando que essas áreas sequem e se resumam os trabalhos de colheita”, avaliou.
Ainda de acordo com o especialista, agentes locais já trabalham com uma redução de 1 a 2M mt na safra do Estado. Ele avisa sobre um outro fator negativo: a umidade excessiva deve trazer problemas de qualidade para a safra do Estado.
“A logística também tem impactado toda a cadeia produtora e consumidora, com desdobramentos relevantes para o setor de aves e suínos”, destacou. “Com estradas e pontes interditadas, as granjas não conseguem receber ração e enviar os animais para as unidades de abate no Estado, o terceiro maior na produção de carne de frango e suína”.
A única certeza para o momento, segundo Alef Dias, é que toda a cadeia produtora e consumidora de grãos deve ser impactada pela catástrofe e que o clima no Rio Grande do Sul deve seguir trazendo volatilidade para os preços da soja nos próximos dias.
Impacto humano
O Rio Grande do Sul tem enfrentado fortes chuvas que levam a uma das piores inundações de sua história, com algumas regiões enfrentando mais de 100mm de chuva nos últimos dias. De acordo com o governo gaúcho, 401 dos seus 497 municípios relataram algum problema relacionado ao temporal.
Com isso,1,4 milhão de pessoas já foram afetadas. Até o momento, houve 95 mortes e o Estado investiga outros quatro óbitos. Há ainda 131 desaparecidos e 372 feridos.