sexta-feira, setembro 27, 2024
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Interferência interestelar afetou clima antigo da Terra

Enquanto se move pela Via Láctea, o Sistema Solar pode atravessar regiões mais densas de matéria interestelar. Embora o impacto dessas nuvens de hidrogênio e outros materiais ainda não seja totalmente compreendido, alguns cientistas acreditam que esses encontros podem ter influenciado o clima na Terra, possivelmente desencadeando eras glaciais.

Um estudo publicado este mês na revista Geophysical Research Letters, liderado por Jess A. Miller, astrofísica do Departamento de Astronomia da Universidade de Boston, nos EUA, relata duas ocasiões em que a Terra e o Sistema Solar passaram por densas nuvens interestelares: uma há dois milhões e outra há sete milhões de anos.

Em um comunicado, Merav Opher, físico espacial da Universidade de Boston e coautor de um artigo anterior que investigou o encontro ocorrido há dois milhões de anos, diz que a presença de uma nuvem interestelar teria influenciado diretamente a heliosfera, a bolha de plasma criada pelo Sol que protege o Sistema Solar – saiba mais sobre essa abordagem aqui. 

Por um breve período de tempo, há milhões de anos, a Terra pode ter ficado de fora do escudo de plasma protetor do Sol, chamado heliosfera, que aparece na imagem acima como a bolha cinza escura sobre o pano de fundo do espaço interestelar. De acordo com novas pesquisas, isso pode ter exposto o planeta a altos níveis de radiação e influenciado o clima. Crédito: Opher, et al., Nature Astronomy

Eventos alimentaram a atmosfera terrestre de hidrogênio interestelar

Segundo a pesquisa de Miller, ambos os eventos – a passagem pela borda da Bolha Local há sete milhões de anos e pela nuvem Cold Cloud há dois milhões de anos – trouxeram uma quantidade significativa de hidrogênio interestelar para a atmosfera terrestre.

Gelo no polo norte da Terra visto do espaço
Movimentação do Sistema Solar ao redor da Via Láctea teria influenciado pelo menos duas eras de gelo na Terra: há sete milhões e dois milhões de anos. Crédito: muratart – Shutterstock

Esse hidrogênio, ao se combinar com o oxigênio atmosférico, poderia ter gerado mais água. Parte desse oxigênio teria vindo do ozônio, provocando uma redução local de até 99% na camada de ozônio. Isso também teria aumentado a formação de nuvens finas extremamente raras chamadas noctilucentes, localizadas em torno de 76 a 85 km de altitude, que teriam influenciado o clima refletindo mais luz solar ou, ao contrário, retendo calor próximo à superfície.

No entanto, não há consenso sobre se esses fenômenos realmente teriam causado uma era glacial. Raios cósmicos e outros fatores também poderiam ter desempenhado um papel importante, complicando a análise. A equipe de pesquisadores sugere que simulações atmosféricas 3D mais avançadas podem ajudar a esclarecer o impacto desses encontros. 

Via Olhar Digital

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