quinta-feira, novembro 21, 2024
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Inteligência artificial e redes sociais podem ajudar a monitorar a saúde dos corais da costa brasileira

Agência Bori

O uso da inteligência artificial (IA), junto à colaboração popular, pode ser um grande aliado para o monitoramento e a conservação de corais na costa brasileira. É o que mostra estudo das universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Paraná (UFPR) publicado na segunda (6) na revista científica “Peer J”.

O trabalho testou diferentes estratégias computacionais e demonstrou que ferramentas de aprendizado tecnológico podem ser adequadas para identificar esses animais em imagens.

Em busca de técnicas apropriadas para aprimorar o monitoramento de corais, a equipe de pesquisadores explorou o potencial das redes neurais da IA que processam dados em modelo inspirado no cérebro humano. “Estas redes são feitas por unidades interconectadas chamadas neurônios artificiais e, uma vez treinadas, podem fazer previsões ou identificar padrões em novos conjuntos de dados”, explica Luiz Oliveira, pesquisador da UFPR e um dos responsáveis pelo projeto.

O pesquisador explica que as redes são treinadas a partir da exposição a um grande número de imagens e aprendem sobre as texturas, formas e cores dos corais a serem identificados. Durante a pesquisa, diferentes modelos de redes neurais foram alimentados com mais de 1400 imagens de corais, obtidas pela rede social do projeto, que estimula mergulhadores e cidadãos sem treinamento científico a fornecerem fotografias desses animais obtidas com câmeras e smartphones pessoais.

Após o treinamento, os modelos tecnológicos forneceram indicações precisas sobre a presença de corais em imagens com organismos isolados e com outros elementos, sugerindo que as redes neurais podem ser apropriadas para identificar fotografias que contêm essas outras espécies.

Guilherme Longo, pesquisador da UFRN e autor do artigo, destaca que o projeto abre novas possibilidades, “desde o processamento rápido de grandes conjuntos de imagens até o monitoramento de mudanças nos ecossistemas em tempo real, identificando, por exemplo, a chegada ou o desaparecimento de uma espécie”, explica. O autor também salienta que o modelo desenvolvido é somente o primeiro passo e que, no futuro, a ideia é testar o uso da IA em análises da abundância e saúde dos corais.

Segundo Oliveira, essas são metas possíveis: “ferramentas de IA são capazes de analisar imagens para encontrar sinais de branqueamento de corais, doenças ou outras condições adversas, além de identificar outras formas de vida marinha”, diz. Outra possibilidade mencionada é a de usar essas tecnologias para correlacionar dados visuais com dados ambientais de forma automática, como temperatura, salinidade e qualidade da água. Essa abordagem poderia colaborar com o desenvolvimento de estratégias de conservação e recuperação mais eficazes para esses organismos.

A partir de agora, Longo destaca que a captação de imagens segue ativa e que novas fotografias são essenciais para aprimorar os modelos estudados. “Com a participação dos cidadãos cientistas, vamos atualizar o banco de dados e melhorar os modelos, abrindo diversas outras oportunidades com aplicações de IA”, completa Longo.

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