A Intel anunciou, nesta quinta-feira, 31, sua maior perda trimestral em 56 anos. A fabricante de chips enfrenta desafios significativos para se recuperar no mercado.
O déficit da companhia, com sede no Vale do Silício, foi de US$ 16,6 bilhões no terceiro trimestre. Esse número inclui US$ 15,9 bilhões em encargos para ajustar a avaliação de ativos e aproximadamente US$ 3 bilhões para reestruturação, em virtude do corte de mais de 15 mil funcionários.
Em agosto, o CEO da empresa, Pat Gelsinger, ordenou uma reestruturação para enfrentar margens de lucro reduzidas, custos para alcançar concorrentes em tecnologia de fabricação e fraco desempenho em chips de inteligência artificial.
As ações da Intel caíram 60% desde que Gelsinger assumiu o cargo, em fevereiro de 2021. Com um valor de mercado inferior a US$ 100 bilhões, a empresa tem sido mencionada em discussões sobre possível venda ou fusão.
“Estamos agindo com urgência para cumprir nossas prioridades”, disse Gelsinger, durante teleconferência com analistas, na quinta-feira. “Precisamos lutar por cada centímetro e executar melhor do que nunca.”
O déficit da empresa
A receita da Intel no terceiro trimestre caiu 6%, em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando US$ 13,3 bilhões. A queda porcentual foi maior do que no segundo trimestre.
Resultados e previsões trimestrais surpreenderam alguns analistas, de maneira a fazer as ações da Intel subirem mais de 12% no pós-mercado da quinta-feira.
Embora tenha se beneficiado de uma demanda crescente por computadores pessoais, esse setor caiu 7% no terceiro trimestre.
No setor de data centers, a Intel enfrenta desafios, especialmente com o crescimento de concorrentes como Nvidia e AMD em chips para inteligência artificial. Mesmo assim, a receita dos data centers da Intel aumentou 9% no último trimestre.
Outro desafio para a Intel é seu novo esforço para fabricar chips para outras empresas — uma mudança de estratégia que ajudou a buscar subsídios do governo Joe Biden.
Os novos parceiros da Intel
A Intel já fechou contratos com empresas como a Amazon. Gelsinger mencionou que duas empresas de computação concordaram em usar o processo avançado de produção da fundição. Contudo, a venda de chips caiu 8% na receita do terceiro trimestre, com perda operacional de US$ 5,8 bilhões.
Quatro ex-diretores sugeriram dividir a Intel em duas: uma para fabricação, outra para design. Eles acreditam que concorrentes seriam mais propensos a usar a fundição se esta fosse independente.
Craig Barrett, ex-CEO, rejeitou a ideia. Ele alega que dividir a empresa distrairia a administração sem melhorar o apelo da fundição.
Gelsinger planeja tornar a fundição da Intel uma subsidiária independente, mas argumenta que uma separação completa não é viável agora, pois a fundição precisa de negócios garantidos da própria Intel.
A Intel já utiliza a TSMC para fabricar alguns chips, e analistas sugerem que poderia aumentar essas parcerias se fosse independente.
O investimento contínuo em equipamentos e pesquisa é um desafio para a fundição, que pode ter dificuldades em garantir financiamento.