quarta-feira, dezembro 4, 2024
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Inscrição em monumento de 2,6 mil anos é decifrada após séculos

Por cerca de 2,6 mil anos, o monumento Arslan Kaya, ou “Pedra do Leão”, permaneceu isolado em um vale no meio-oeste da Turquia – região que na época era chamada de Frígia. 

Esculpida em arenito, a estátua abrigava figuras de leões, esfinges e uma deusa, agora quase apagadas pela erosão e pela ação de saqueadores que usaram dinamite para explorar o local. Na base da imagem, uma inscrição quase ilegível em caracteres frígios desafia pesquisadores há séculos.

Em poucas palavras:

  • Arslan Kaya é um monumento descoberto onde atualmente é a Turquia;
  • A estátua contém figuras esculpidas e uma inscrição deteriorada, que foi examinada pela primeira vez em 1884;
  • Vários estudos tentaram decifrar o enigma desde então;
  • Uma nova abordagem foi capaz de identificar parcialmente o texto gravado na também chamada “Pedra do Leão”.
Por esse ângulo, é possivel ser os relevos dos leões nas laterais do monumento Arslan Kaya. Crédito: Ingeborg Simon / Wikimedia Commons

De acordo com o site IFLScience, a primeira análise detalhada de Arslan Kaya foi feita em 1884 pelo arqueólogo britânico William Mitchel Ramsay, que observou a dificuldade em decifrar o que está escrito devido ao desgaste da pedra – descrevendo a inscrição como “irremediavelmente obliterada”. Desde então, diversas tentativas foram feitas para desvendar o enigma, mas todas sem sucesso. 

Condições ideais de luz revelam que monumento seria uma divindade frígia

Agora, um novo estudo, publicado na revista Kadmos, acaba de mudar esse cenário. O historiador e arqueólogo Mark Munn, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, conseguiu capturar imagens do monumento em condições ideais de luz, revelando partes da inscrição que antes estavam invisíveis. 

Com base nessas fotografias, ele identificou o nome “Materan“, uma provável referência à deusa frígia Matar, ou “Mãe”, gravada no nicho abaixo da inscrição danificada. Munn acredita que o texto original poderia ser uma dedicatória mais extensa, possivelmente indicando o responsável pela construção do monumento e atribuindo um título específico à divindade. 

Inscrição, muito deteriorada, sob as figuras do monumento. Crédito: Ingeborg Simon / Wikimedia Commons

Um exemplo semelhante é encontrado no monumento Areyastis, localizado a 40 km de Arslan Kaya, onde a deusa é referida como “Materan Areyastin”. No entanto, o significado exato dessa designação ainda é desconhecido.

A singularidade de Arslan Kaya está no fato de ser o único monumento frígio conhecido que combina uma inscrição com a representação esculpida da deusa. Segundo Munn, estátuas portáteis eram comuns em outros locais, mas neste caso a imagem fazia parte de um monumento permanente.

A descoberta traz novas perspectivas para o estudo da cultura frígia. O idioma desse povo antigo, pouco compreendido, ainda representa um desafio para os estudiosos, e cada nova evidência é valiosa para desvendar os mistérios dessa civilização. 

Via Olhar Digital

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