Um estudo publicado na revista “Environmental Research Letters” por pesquisadores da Universidade de Copenhague (UNPH) revelou uma técnica inovadora para eliminar metano de baixa concentração do ar usando luz e cloro.
O método representa um passo significativo para a remoção de gases de efeito estufa de fontes como a criação de gado, produção de biogás e estações de tratamento de águas residuais.
Por que é importante?
- O estudo, realizado em colaboração com diversas instituições e empresas, incluindo a Ambient Carbon, destaca o potencial dessa tecnologia em mitigar as emissões de metano, contribuindo significativamente para os esforços globais contra o aquecimento global.
- Isso porque, como enfatiza o estudo, há urgência de diminuir as emissões de metano, um tipo de gás que tem um potencial de aquecimento global até 85 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2) num período de 25 anos.
- Atualmente mais da metade das emissões de metano é atribuída a atividades humanas, com a pecuária e a produção de combustíveis fósseis sendo as principais fontes.
- Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), reduzir a emissão desse gás impactaria imediatamente na desaceleração do aumento das temperaturas globais.
Matthew Stanley Johnson, professor de química atmosférica da UCPH que liderou a pesquisa, analisa que o desafio estava em tratar o metano proveniente de inúmeras fontes de baixa concentração.
Uma grande parte das nossas emissões de metano vem de milhões de fontes pontuais de baixa concentração, como celeiros de gado e suínos. Na prática, tem sido impossível concentrar o metano destas fontes em níveis mais elevados ou removê-lo. Mas nosso novo resultado prova que isso é possível usando a câmara de reação que construímos.
Matthew Stanley Johnson, professor de química atmosférica da UCPH.
Como explicam os pesquisadores, o metano pode ser queimado no ar se a sua concentração passar de 4%. Porém, as emissões causadas por humanos são inferiores a 0,1% e, dessa forma, não conseguem ser queimadas.
A solução encontrada para esse problema foi a criação de uma câmara de reação que consegue eliminar até 88% do metano presente no ar. Este sistema, conhecido como Sistema Fotoquímico de Erradicação do Metano (MEPS), funciona introduzindo moléculas de cloro e iluminando-as com luz ultravioleta, provocando uma reação que decompõe o metano em dióxido de carbono, monóxido de carbono e hidrogênio.
O processo é cerca de 100 milhões de vezes mais rápido que a degradação natural do metano na atmosfera, como explica Johnson:
O metano se decompõe a passo de lesma porque o gás não fica especialmente feliz em reagir com outras coisas na atmosfera. No entanto, descobrimos que, com a ajuda da luz e do cloro, podemos desencadear uma reação e decompor o metano cerca de 100 milhões de vezes mais rápido do que na natureza.
Matthew Stanley Johnson, professor de química atmosférica da UCPH.
Os pesquisadores também estão desenvolvendo um protótipo em maior escala, que poderia ser integrado aos sistemas de ventilação de instalações pecuárias e estações de tratamento, funcionando como “limpador de metano”.
As explorações pecuárias de hoje são instalações de alta tecnologia onde a amónia já é removida do ar. Como tal, a remoção do metano através dos sistemas de purificação de ar existentes é uma solução óbvia.
Matthew Stanley Johnson, professor de química atmosférica da UCPH.