A Polícia Federal iniciou, na manhã desta terça-feira (12), uma operação contra o tráfico de drogas e o desvio de um produto químico usado na produção de crack.
Segundo os investigadores, o principal alvo é a empresa Anidrol, uma indústria química que fica em Diadema, na Grande São Paulo, e tem como sócio o influenciador fitness Renato Cariani.
O nome “Operação Hinsberg” faz alusão a Oscar Hinsberg, o químico que percebeu a possibilidade de converter compostos químicos em fenacetina. Essa substância foi o principal insumo químico desviado, apontou a investigação.
O influenciador, que tem mais de 7 milhões de seguidores, também é alvo de buscas. O Ministério Público e a PF chegaram a pedir a prisão dele e de mais duas pessoas, mas a Justiça negou.
O que dizem os alvos
Pelas redes sociais, o influenciador negou envolvimento no esquema e disse que foi surpreendido pela operação da PF. Ele também afirmou que seus advogados ainda não tiveram acesso ao processo.
“Fui surpreendido com um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde eu fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei, porque ele corre em “processo de justiça” [sic]. Então, meus advogados agora vão dar entrada pedindo para ver esse processo e, aí sim, eu vou entender o que consta nessa investigação”, afirmou.
Na mensagem, ele defende a empresa da qual é sócio.
“Eu sofri busca e apreensão porque eu sou um dos sócios, então, todos os sócios sofreram busca e e apreensão. Essa empresa, uma das empresas que eu sou sócio, está sofrendo a investigação, ela foi fundada em 1981. Então, tem mais de 40 anos de história. É uma empresa linda, onde a minha sócia, com 71 anos de idade, é a grande administradora, a grande gestora da empresa, é quem conduz a empresa, uma empresa com sede própria, que tem todas as licenças tem todas as certificações nacionais e internacionais. Uma empresa que trabalha toda regulada. Então, para mim, para a minha sócia, para todas as pessoas, foi uma surpresa”, completou.
A operação
Ao todo, são cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, sendo 16 em São Paulo, um em Minas Gerais e um no Paraná.
Outro suspeito é Fabio Spinola Mota, que já foi preso por envolvimento nesse tipo de crime em operação da PF no Paraná. Na casa dele foram encontrados mais de R$ 100 mil em espécie. De acordo com a PF, ele seria o intermediador entre a indústria química e os produtores da droga.
O g1 tenta contato com a defesa de Fábio.
O grupo é suspeito de desviar toneladas de um produto químico para produzir entre 12 e 16 toneladas de crack.
A operação é realizada em conjunto com Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO do MPSP) de São Paulo e a Receita Federal.
Histórico
A investigação começou em 2022, depois que uma empresa farmacêutica multinacional avisou a PF de que havia sido notificada pela Receita Federal sobre notas fiscais faturadas em nome dela com pagamento em dinheiro não declaradas.
A farmacêutica alegou que nunca fez a aquisição do produto, que não tinha esses fornecedores e que desconhecia os depositantes.
A partir de tais informações, a Polícia Federal iniciou a investigação e identificou que entre 2014 e 2021 o grupo emitiu e faturou notas em nome de três empresas grandes de forma fraudulenta: AstraZeneca, LBS e Cloroquímica.
A PF pediu prisão dos envolvidos, o Ministério Público foi favorável, mas a Justiça negou.