Indicados para o Supremo Tribunal Federal (STF) e Procuradoria-Geral da República (PGR) respectivamente, Flávio Dino e Paulo Gonet serão sabatinados nesta quarta-feira (13).
Eles serão ouvidos, simultaneamente, a partir das 9h na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Dino e Gonet precisam convencer os parlamentares em suas respostas para, enfim, conquistar os novos postos.
Após a sabatina na CCJ, os nomes de Dino e Gonet irão à votação. No colegiado, são necessários votos favoráveis da maioria dos presentes.
A votação só começará com a presença de ao menos 14 senadores. A comissão possui 27 membros titulares.
Vale ressaltar que, ainda que alguma indicação seja reprovada pela CCJ, o plenário do Senado terá a palavra final sobre a aprovação ou não da autoridade em questão. Ambas as votações são secretas.
Na terça (12), último dia antes da sabatina, tanto Dino quanto Gonet gastaram a sola de sapato pelos corredores do Senado para conversar e pedir votos aos senadores. Uma das agendas dos dois aconteceu em conjunto, quando encontraram senadores do PSD, o maior partido na casa, na liderança do partido.
Dino afirmou que já se encontrou com mais de 50 senadores e disse à CNN que o clima entre ele e os parlamentares está tranquilo.
Está indo bem tranquilo, o clima é muito bom. É normal que haja voto a favor e voto contra. O importante é que os votos a favor sejam maiores que os contra e assim será
Flávio Dino
Flávio Dino deu início às visitas dois dias após sua indicação ser formalizada por Lula, em 27 de novembro. O atual ministro da Justiça foi ao Senado em, pelo menos, quatro datas. Nem todas as visitas, porém, foram públicas e alguns contatos aconteceram por telefone.
O relatório sobre a indicação de Dino ao STF foi elaborado pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA).
No parecer, o relator disse que o atual ministro da Justiça “nunca se afastou do mundo jurídico, tendo inclusive, quando deputado, apresentado diversos projetos de lei que se transformaram em normas jurídicas”.
Se aprovado, Dino ocupará a vaga aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, que deixou o STF em setembro.
Gonet, por sua vez, visitou ao menos 40 gabinetes, segundo levantamento feito pela CNN. O indicado à PGR afirmou que tinha como objetivo “visitar o máximo de senadores possível” e que todos os diálogos que vinha tendo com os parlamentares eram “animadores e republicanos”.
Após ter sido indicado por Lula, Paulo Gonet fez sua primeira aparição pública no Senado em 1º de dezembro e voltou à Casa outras seis vezes. Em uma das idas aos gabinetes do Congresso, ele destacou a importância do diálogo com os senadores.
“Esse diálogo com as pessoas que ocupam cargos de direção de Poderes, de instituições, é sempre muito importante, e ajuda para que a gente tenha uma gestão republicana”, disse.
Relator da indicação de Gonet, o senador Jaques Wagner (PT-BA) disse que o subprocurador “demonstra experiência profissional, formação técnica adequada e afinidade intelectual e moral para o exercício do elevado cargo para o qual foi indicado”.
Se aprovada a indicação, Gonet assumirá o lugar de Elizeta Ramos, que chefia a PGR de forma interina desde a saída de Augusto Aras do comando do órgão.
As sabatinas de Dino e Gonet serão simultâneas. Nesse formato, os dois serão questionados em bloco. Ou seja, vários senadores fazem perguntas e os indicados só respondem após os questionamentos.
Segundo relatos feitos à CNN, a expectativa é que a presença de Gonet — que é bem-visto entre os senadores, inclusive os da oposição — “amorteceria” eventuais ataques a Dino, que enfrenta resistência fora da base do governo.
Ou seja, sabatinar duas pessoas ao mesmo tempo aumenta o espaço entre as perguntas e respostas, diminuindo as investidas dos senadores contra Dino.
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) quer impedir a sabatina simultânea e, para isso, apresentou uma questão de ordem à CCJ do Senado.
No pedido, Vieira argumentou que a decisão do presidente da comissão, senador Davi Alcolumbre (União-AP), de ouvir ambos ao mesmo tempo “é inequivocamente inédita e inconstitucional, ao passo que fere os princípios constitucionais da eficiência, da proporcionalidade e da razoabilidade”, disse Vieira.
Caberá a Alcolumbre, presidente do colegiado, acatar ou não o pedido do senador.
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