No início de 2018, Gautam Adani, o segundo homem mais rico da Ásia, reuniu filhos e sobrinhos em sua casa em Ahmedabad, na Índia. Durante um almoço, perguntou se os jovens gostariam de dividir os negócios do Grupo Adani. O indiano deu a eles um prazo de três meses para responderem à pergunta.
Essa reunião marcou o início do que será uma das mais complexas transferências de riqueza do mundo. Em entrevista ao programa Inside Adani, da Bloomberg Television, Gautam Adani, de 62 anos, disse que planeja se aposentar aos 70. Ele também afirmou que vai abrir o caminho para uma transição de liderança de suas empresas no início de 2030.
“A sucessão é muito importante para a sustentabilidade do negócio”, afirmou Gautam. “Deixei a escolha para a segunda geração, pois a transição deve ser orgânica, gradual e muito sistemática.”
A curiosidade disso, no entanto, é que essa mudança pode levar a riscos significativos para o clã Adani e até mesmo impactar a economia global.
Os planos de aposentadoria do indiano
Na entrevista, Gautam Adani discutiu seus planos de aposentadoria e sucessão, mas não abordou as controvérsias que envolvem seu conglomerado.
Essas controvérsias incluem preocupações dos investidores sobre práticas empresariais e uma investigação de suborno do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Em uma estratégia de vendas descoberta no ano passado, a empresa de pesquisa financeira Hindenburg Research acusou o Grupo Adani de realizar “maior fraude da história corporativa”. A companhia de finanças alegou que o grupo do indiano usou empresas em paraísos fiscais para inflar receitas e manipular preços das ações.
Depois da acusação, o Grupo Adani teve um prejuízo de US$ 153 bilhões — perdas que foram recuperadas antes das últimas eleições da Índia. “Foi um choque para as pessoas, porque elas não esperavam isso da maneira como foi apresentado”, disse Sagar Adani, um dos sobrinhos de Gautam Adani, em entrevista.
Ele acrescentou que o grupo “deu uma resposta muito longa e abrangente em apenas 72 horas sobre cada ponto”.
Justiça dos EUA também investiga Gautam Adani
O grupo também enfrentou investigações regulatória nos Estados Unidos. Em março, a Bloomberg informou que promotores norte-americanos investigavam se executivos ligados à empresa ou o próprio Gaudam Adani estavam envolvidos no pagamento de subornos.
De acordo com o Grupo Adani, nenhuma de suas unidades foi notificada da investigação. A empresa também informou que não tem conhecimento de que seu presidente esteja sendo investigado. Tampouco houve acusações de irregularidades por parte do Departamento de Justiça dos EUA.
Diante dos riscos legais e de reputação, a transferência de liderança do conglomerado motiva os investidores que estão dispostos a injetar dinheiro na companhia.
O Grupo Adani é o maior importador de carvão da Índia. Além disso, possui a maior fazenda solar e é o segundo maior fabricante de cimento do país. Seus portos movimentam quase metade dos contêineres marítimos da Índia.
Companhia do indiano controla áreas de infraestrutura
Com uma capitalização de mercado de R$ 1 trilhão em dez unidades listadas, o conglomerado controla vastas áreas de infraestrutura. Ademais, a companhia impulsiona o crescimento da Índia e sustenta a expansão de empresas como Apple e Amazon na Ásia.