O Brasil enfrenta um grave problema ambiental em 2024, ano em que a destruição por incêndios florestais impactam 27,6 milhões de hectares. O total da área é comparável ao Estado do Tocantins. Os dados, do Monitor do Fogo do MapBiomas, mostram a magnitude do impacto.
Entre janeiro e outubro deste ano, a área consumida pelo fogo foi dez vezes maior que a desmatada, segundo a taxa Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Mato Grosso, Pará e Tocantins foram os Estados mais atingidos, com concentração de 56% das queimadas.
O Prodes relatou que o desmatamento impactou 650 mil hectares da Amazônia de agosto de 2023 a julho de 2024. Em contrapartida, o Monitor do Fogo registrou que os incêndios florestais afetaram 6,7 milhões de hectares da Floresta Amazônica no mesmo período.
Esses dados foram apresentados na 29ª Conferência das Partes (COP29) em Baku, Azerbaijão. A diferença nos números de queimadas e desmatamento é a maior desde 2019, quando o Monitor do Fogo começou suas avaliações.
A degradação florestal com incêndios
A diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e integrante do MapBiomas, Ane Alencar, expressou preocupação com o tema.
“Queimar pastagem é mais normal”, começou Ane. ”Mas este ano queimou principalmente vegetação nativa e floresta. Estamos felizes com a redução recente da taxa de desmatamento, mas olha o tanto de floresta sendo impactada pelo fogo.”
Em nota técnica, o MapBiomas sugeriu que essa diferença evidencia “um avanço preocupante da destruição em regiões naturalmente preservadas”. Na COP29, houve a informação de que incêndios florestais não estão nos cálculos de emissões de gases de efeito estufa em acordos internacionais.