Um incêndio de grandes proporções ocorre há pelo menos 15 dias em uma das ilhas do arquipélago do Marajó, Pará, informa a Folha de S. Paulo. As comunidades ribeirinhas de Breves temem que as chamas cheguem às suas casas. A fumaça do incêndio prejudica a qualidade do ar. As causas do fogo ainda não foram confirmadas.
A vila Magibras é a mais atingida. Resíduos de madeira no solo da vila intensificam a combustão e permitem que o fogo se propague até de forma subterrânea, o que dificulta o combate. Moradores preocupados gravaram vídeos para mostrar a situação e solicitar ajuda.
“A gente pede que as autoridades nos ajudem, porque o fogo está chegando muito próximo das casas”, afirmou Márcia Furtado, 39, em um vídeo publicado nas redes sociais na última quinta-feira, 15. “Já tem postes que estão quase caindo. Nós já ficamos sem energia. Está muito complicada a nossa situação.”
A Folha tentou contato com o Corpo de Bombeiros Militar do Pará e com o governo do Estado, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. Maria Trindade, 48, técnica de enfermagem na vila Magibras, relatou um aumento de atendimentos no posto de saúde local, por causa de problemas respiratórios causados pela inalação de fumaça.
Dificuldades no combate ao fogo
“O fogo está ardendo no solo”, disse Trindade. “Eles [os bombeiros] fizeram uma vala para o fogo não passar, mas a máquina que eles estavam usando para cavar quebrou e teve que voltar para Breves. Agora o fogo está passando a vala e está chegando perto da gente.”
A ONG Observatório do Marajó destacou que a região sofre com uma seca antecipada, agravada pelas mudanças climáticas. Luís Barbosa, membro da ONG, observou que a situação é um alerta para as condições favoráveis ao fogo durante a seca extrema, que pode alcançar seu ápice entre setembro e novembro. Ele ressaltou que a região enfrenta queimadas severas desde 2023, o que interfere diretamente nas comunidades tradicionais.
“O Observatório enviou um documento de recomendação de enfrentamento à calamidade climática para todas as prefeituras do Marajó, que é um caminho que a gente tem pensado, baseado no monitoramento, nas ações que fizemos, e também na escuta das comunidades ribeirinhas”, disse Barbosa.
Em 2023, o Pará foi o Estado com o maior número de queimadas no Brasil, em meio ao registro recorde na Amazônia. Para 2024, especialistas do clima preveem uma situação crítica igual ou até pior que a de outras temporadas.