A imprensa argentina criticou a atuação da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ) durante confronto entre torcedores de Fluminense e Boca Juniors, na Praia de Copacabana, na tarde de quinta-feira (2).
Imagens da pancadaria nas areias foram divulgadas por torcedores dos dois clubes nas redes sociais. A PM usou bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar argentinos e tricolores.
Desde as primeiras horas de quinta, os torcedores do Boca tomaram as areias de Copacabana. Os argentinos fizeram festa em boa parte do dia. No fim da tarde, organizadas do Fluminense se dirigiram para a orla e, a partir daí, começaram as provocações e brigas.
Em matéria publicada no diário Clarín, o enviado especial do jornal ao Rio de Janeiro, Nicolas Coppa, classificou como “vergonhosa” a conduta dos policiais.
“Depois das touradas e das balas de borracha que se viam em plena luz do dia e à beira-mar, a noite acabou transformando a praia mais famosa da América do Sul em uma terra de ninguém. Ou da polícia, que é praticamente a mesma coisa”, escreveu Coppa.
No La Nación, Alejandro Casar González relatou as cenas de violência entre os torcedores em Copacabana e escreveu: “A ação policial foi tão tardia quanto violenta: spray de pimenta e balas de borracha para dispersar [os torcedores]”.
De acordo com o jornalista, quando a equipe do La Nación tentou percorrer a área dos incidentes, foi desaconselhada pela PM, que ainda sugeriu que os equipamentos do grupo fossem deixados de lado, a fim de evitar roubos e furtos.
No Diário Olé – principal publicação esportiva argentina -, Gonzalo Suli contou que a situação nas areias de Copacabana ficou ainda mais tenso após a chegada dos PMs.
“Tal como aconteceu na segunda-feira (30), [os torcedores] foram emboscados, perseguidos, atacados e os seus pertences roubados. Um tempo depois, a Polícia Militar esteve presente, mas a situação ficou mais dramática por um momento: policiais uniformizados atirando balas de borracha com rifles e jogando gás lacrimogêneo contra os moradores de Boca vítimas do ataque”, narrou Suli.
Nas redes sociais, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) pediu que torcedores de Fluminense e Boca compartilhem momentos de alegria que o futebol proporciona.
“A CONMEBOL convoca os torcedores do Boca Juniors e do Fluminense a compartilhar juntos os momentos de alegria e celebração que o nosso futebol nos proporciona. Os valores do desporto que mais nos apaixona devem inspirar comportamentos de paz e harmonia. Por esta razão, repudiamos os atos de violência e racismo que possam ocorrer no âmbito desta final”, escreveu a entidade.
La CONMEBOL hace un llamado a los hinchas de @BocaJrsOficial y @FluminenseFC a compartir todos juntos los momentos de alegría y celebración que nos dan nuestro fútbol. Los valores del deporte que más nos apasiona deben ser inspiradores de conductas de paz y armonía. Por eso,…
— CONMEBOL.com (@CONMEBOL) November 3, 2023
A confusão presenciada no Rio de Janeiro às vésperas da final da Libertadores não é novidade para o público sul-americano.
Em 2018, a Conmebol transferiu o segundo jogo da decisão para Madri, na Espanha, após torcedores do River Plate apedrejarem o ônibus do Boca Juniors na chegada ao Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires.