As Forças de Defesa de Israel (IDF) divulgaram, neste sábado, 19, um vídeo que mostra Yahya Sinwar, líder do Hamas, transportando suprimentos para um esconderijo na noite anterior ao massacre de 7 de outubro.
Segundo o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz da FDI, durante este tempo ele ficou próximo de reféns capturados no ataque. Inclusive dos seis israelenses que morreram em 31 de agosto, assassinados naquele túnel pelos comparsas do líder. Sinwar foi morto em confronto com as FDI na quarta-feira 16.
“Estamos compartilhando imagens da busca por Sinwar”, afirmou Hagari. “Monitoramos suas atividades nas horas que antecederam o massacre para entender sua rota de fuga.”
No vídeo, Sinwar aparece com sua família enquanto entra em um bunker sob sua residência em 6 de outubro, apenas horas antes do ataque. “Ele estava focado em sua segurança e na de seus entes queridos.”
MATERIAL SIN EDITAR: Yahya Sinwar escapando por un túnel horas antes de la masacre del 7 de oct. pic.twitter.com/YfigzdJlCi
— FDI (@FDIonline) October 19, 2024
Sinwar e seu filho são vistos movimentando suprimentos, como alimentos e uma televisão de tela plana, mantendo tudo em segredo para evitar riscos. “Esse esconderijo foi construído em Khan Younis, onde ele se escondeu e coordenou os ataques”, explicou Hagari.
As FDI descobriram um complexo subterrâneo bem equipado, com quartos, chuveiros e uniformes. “Em várias ocasiões, nossas tropas estiveram a poucos passos de capturá-lo.”
No vídeo, com um misto de obstinação e paciência, Sinwar vai de um lado para o outro do local, por meio de um corredor no túnel. Transporta também objetos como garrafas de água e utensílios.
Parece o pai de uma família normal durante uma mudança. A diferença é que, de normal, o local não tinha nada. Era apertado e escondido. Sombrio.
A mulher de Sinwar também foi filmada e pareceu mostrar um ar blasé de satisfação, como se sentisse bem diante das câmeras. Carregava uma bolsa Birkin, no valor mínimo de US$ 10 mil. Mesmo nos sórdidos porões do Hamas.
Tal postura torna o momento surreal, já que a pose de rainha grotesca e a preocupação dela com a imagem não antecediam um desfile. Mas a mais brutal agressão já sofrida pela população israelense.
Depois do ataque de 7 de outubro, Sinwar permaneceu em áreas subterrâneas de Khan Younis e Rafah, onde se movia entre esconderijos e dirigia as operações do Hamas.
Fuga permanente
Enquanto o mundo perguntava, com uma dose de espanto, por que ninguém encontrava Sinwar, as FDI não tinham uma resposta clara, mas sim uma certeza.
Sabiam, pacientemente, que, desde 7 de outubro, teve início a contagem regressiva da vida do líder terrorista.
Cada dia que passava não era mais um no qual ele sobrevivia. Era um a menos nesta contagem macabra. Até a sua eliminação.
O terrorista fez um mau negócio ao se colocar, a si e aos seus familiares, em uma rotina diária de drama, no qual cada dia poderia ser o último.
“Descobrimos seu DNA em um lenço que ele usou, o que confirma sua presença no local”, explicou o porta-voz. “O esconderijo estava a poucos metros de um túnel onde seis reféns foram executados.”
Hagari também revelou informações sobre os últimos momentos de Sinwar: “As FDI e o Shin Bet continuaram suas operações até que ele cometeu um erro. Ele se escondeu sozinho em um dos prédios.”
“Nossas forças dispararam contra o edifício que aparece nas imagens. Essa foi a primeira vez que Sinwar, que ficou embaixo do solo por um ano, teve um confronto direto com as forças israelenses – e foi nesse instante que ele foi abatido.”
Essa operação pôs fim a uma busca incessante por Sinwar, que Hagari descreveu como o arquétipo do brutal massacre de 7 de outubro. “Isso demonstra que os líderes do Hamas priorizam sua própria sobrevivência em detrimento dos moradores de Gaza.”
Quando questionado se a morte de Sinwar poderia facilitar um acordo de libertação de reféns, Hagari respondeu: “Nossa missão é criar as condições necessárias para o retorno dos reféns. A eliminação de Sinwar certamente auxilia nesse objetivo.”
Sobre os objetivos de Israel em Gaza e a distribuição de ajuda humanitária, ele concluiu:
“Estamos operando sob diretrizes políticas que incluem a entrada de 250 caminhões em Gaza.”
Sinwar, mirrado e emburrado, no fim, viveu também mergulhado no terror, que se transformou em um monstro a atormentá-lo, pelas imagens descritas por Hagari. Em cada beco destes porões. O criador, algoz, então se tornou refém de sua própria criatura. Até que o encontro com as FDI aconteceu.