O uso combinado de inteligência artificial (IA) e supercomputadores levou apenas 80 horas para descobrir um novo material que poderia ser usado na fabricação de baterias e possibilitaria reduzir o uso de lítio em até 70%, afirmam pesquisadores.
A descoberta foi feita em uma parceria entre a Microsoft e o Pacific Northwest National Laboratory (PNNL) dos Estados Unidos. E os cientistas apontam que o uso de IA combinada com supercomputadores pode acelerar o ritmo de descobertas científicas a níveis inimagináveis.
A Microsoft treinou diferentes sistemas de IA para fazer avaliações sofisticadas de todos os elementos viáveis e sugerir combinações. O algoritmo primeiro propôs 32 milhões de candidatos, mas foi reduzindo as opções conforme novas especificações.
Segundo os pesquisadores, a IA é rápida, mas não é super precisa, e é aí que entram os supercomputadores. Eles podem demorar um pouco mais, mas oferecem resultados mais precisos em grupos amostrais menores.
Ao final do processo — que durou menos que quatro dias — a IA e os supercomputadores haviam reduzido a lista para 23 possíveis componentes, cinco dos quais já eram conhecidos.
Redução do uso de lítio
O material que os cientistas estão testando atualmente é um eletrólito de estado sólido que utiliza lítio e sódio, além de alguns outros elementos. Isso poderia reduzir consideravelmente o teor de lítio utilizado para a fabricação de baterias hoje em dia – possivelmente em até 70%.
Atualmente, as baterias de lítio são maioria no mundo, presentes nos telefones, dispositivos médicos, veículos elétricos e satélites.
De acordo com estudos do Departamento de Energia dos EUA, a demanda por lítio deve aumentar em até cinco vezes até 2030. O material é relativamente escasso e, portanto, caro.
Além disso, a mineração de lítio também é causa de problemas ambientais e geopolíticos. E as baterias de íons de lítio ainda apresentam problemas de segurança, com o potencial de pegar fogo ou explodir.
Os cientistas frisam que ainda estão no início do processo de investigação sobre o novo material, e ele pode não funcionar quando testado em maior escala.
Velocidade da descoberta
Mas Brian Abrahamson, diretor digital do PNNL, ressalta que a importância da história não é sobre esse material específico que pode gerar novas baterias, mas sim sobre a velocidade com que um material foi identificado.
Segundo ele, seria possível aplicar esse processo — com o uso de IA e de supercomputadores — em diversas áreas, como forma de acelerar soluções para desafios urgentes de sustentabilidade, saúde, etc.
Além disso, os pesquisadores também ressaltaram que outras descobertas ainda podem surgir desse projeto, já que a maioria dos outros materiais candidatos sugeridos pelos modelos da Microsoft ainda não foi testada.
A abordagem científica tradicional para descobrir materiais novos é um processo longo, de tentativa e erro.
Os cientistas geralmente se debruçam sobre os estudos já publicados em relação aos materiais e passam a formular hipóteses sobre como diferentes abordagens poderiam funcionar.
O próximo passo então é testar as hipóteses e descobrir quais se demonstram mais promissoras. Para chegar ao projeto e desenvolvimento de um material novo, os pesquisadores podem levar anos.
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