Abdul Fares, herdeiro da rede de varejo Marabraz, iniciou um processo judicial para interditar seu pai, Jamel Fares, de 64 anos. Abdul, de 40 anos, alega que o pai enfrenta sérios problemas de saúde, como depressão profunda e cardiopatia grave.
A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo. A ação judicial tramita em segredo de justiça na comarca de Simões Filho, Bahia, e foi descoberta por Jamel durante uma verificação de rotina da equipe jurídica da empresa.
Além dos problemas de saúde, Abdul acusa Jamel de dependência de medicamentos controlados e agressividade. Surpreendido, Jamel contratou o escritório Warde Advogados para contestar a ação e o foro de Simões Filho.
Em uma petição de 5 de dezembro, Jamel acusa Abdul de falsidade ideológica, descrevendo-o como “ingrato e parasita”. A disputa é parte de um conflito maior, iniciado por uma ação cível em São Paulo por Jamel e seu irmão Nasser, que buscam recuperar ações da holding familiar em nome dos herdeiros.
Dono da Marabraz acusa filho de usar “métodos fraudulentos” em processo
Os advogados de Jamel alegam que Abdul utiliza métodos fraudulentos para interditar o pai. Jamel, um dos fundadores do império Marabraz, possui um terço das Lojas Marabraz e das Clínicas Fares.
Em 2011, em uma estratégia de blindagem patrimonial, a holding foi transferida para os herdeiros, mas tensões surgiram devido ao estilo de vida luxuoso de alguns deles. Abdul é acusado de gastar cerca de R$ 22,5 milhões em despesas pessoais, usando indevidamente rendimentos dos imóveis da LP Administradora, que pertencem à família.
Em 2019, Abdul e seu primo Nader, filho de Adiel, criaram o Blue Group para gerenciar o e-commerce da Marabraz. O negócio não prosperou, contribuindo para o desgaste entre os sobrinhos e o tio, que reassumiu o controle das vendas online.
O estilo de vida de Abdul, descrito como “digno de um potentado árabe”, inclui a compra de um anel de noivado para a atriz Marina Ruy Barbosa, avaliado em US$ 1 milhão (R$ 6 milhões), durante uma viagem a Dubai.
Jurisdição da ação também foi questionada
Jamel questiona o foro da ação de interdição, alegando que nem ele nem Abdul têm vínculos com Simões Filho. O Ministério Público solicitou a suspensão da curatela provisória até que a questão da jurisdição seja esclarecida.
Se comprovado que Abdul manipulou a jurisdição com documentos falsos, ele pode enfrentar até cinco anos de prisão e multa. Jamel e Abdul residem em Alphaville, Barueri, SP. Alega-se que Abdul falsificou seu endereço para mover a ação na Bahia.
A ação de interdição é vista como uma estratégia para Abdul se proteger caso Jamel e Nasser consigam recuperar as ações da holding. A família Fares e os advogados envolvidos evitaram comentar o caso.