No último domingo (4), enquanto seguia explorando a superfície marciana (como faz há quase três anos), o rover Perseverance avistou ao longe algo bem familiar. Imóvel em uma duna de areia ao fundo de uma paisagem rochosa, estava o ex-companheiro de missão Ingenuity, o helicóptero robótico da NASA que foi aposentado após sofrer danos irreversíveis.
Vamos relembrar:
- O helicóptero Ingenuity tem 1,8 kg e foi projetado para demonstrar que o voo motorizado é realmente possível em Marte, apesar da fina atmosfera do planeta;
- A missão principal envolvia apenas cinco voos, durante 30 dias;
- Satisfeita com os resultados obtidos, a NASA estendeu a missão, com o drone também passando a exercer a função de navegador do rover Perseverance;
- De acordo com o registro de voo da missão, ele voou por quase 129 minutos, cobrindo cerca de 17,7 km da superfície marciana;
- No dia 18 de janeiro, durante o 72º voo, o equipamento sofreu danos irreversíveis na lâmina do rotor durante um pouso malsucedido, e a agência decretou o fim das operações.
O Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA ainda está analisando os danos sofridos pelo Ingenuity, mas independentemente do resultado das investigações, a missão do helicóptero chegou oficialmente ao fim, já que ele não é mais capaz de voar.
Quase três anos de missão
Encarregado de mostrar que a exploração aérea é possível no Planeta Vermelho, apesar de sua fina atmosfera, o pequeno helicóptero pousou com seu parceiro de missão no chão da Cratera Jezero no dia 18 de fevereiro de 2021.
O veículo robótico movido a energia solar deixa seu nome registrado nos anais de história da aviação, cumprindo com louvor a missão de US$85 milhões de dólares, ao término de dois anos e 11 meses.
Uma das funções exercidas pelo Ingenuity foi um trabalho de exploração para o rover Perseverance em seus passeios mais longos e ambiciosos, ajudando a equipe da missão a planejar rotas e escopos de potenciais alvos científicos.
Pioneiro em determinadas tecnologias e capacidades, o Ingenuity provou que o futuro é muito favorável para a exploração aérea em Marte.
“Já iniciamos os primeiros esforços para investigar como o helicóptero Ingenuity ou plataformas semelhantes a ele agem para fazer coisas como carregar cargas científicas, como elas podem ser naves espaciais autônomas e completamente autossustentáveis que não estão ligadas a algo como um rover para cobrir distâncias maiores e acessar uma variedade de alvos científicos”, disse Jaakko Karras, vice-líder de operações do Ingenuity no JPL, em entrevista ao site Space.com. “Olhando para trás daqui a cinco ou dez anos, veremos que este foi o trampolim, o precursor da exploração aérea maior e mais ousada em Marte”.
Embora os dias de voo do Ingenuity tenham acabado, fica o legado do helicóptero. Pelos planos da NASA, outros dois veículos semelhantes foram projetados e serão lançados para ajudar o rover Perseverance a coletar amostras para retornar à Terra.
A agência também já está desenvolvendo helicópteros maiores e mais capazes que poderiam um dia realizar outras missões científicas no Planeta Vermelho. E, se isso acontecer, muito se deve ao já saudoso ‘Ginny’.