sábado, maio 17, 2025
InícioCiência e tecnologiaHarvard descobre que “cópia“ da Magna Carta comprada por R$ 150 é...

Harvard descobre que “cópia“ da Magna Carta comprada por R$ 150 é original

Uma “cópia” da Magna Carta comprada há décadas pela Faculdade de Direito de Harvard por apenas US$ 27,50 (cerca de R$ 156, na cotação atual) é agora reconhecida como um original extremamente raro de 1300, segundo nova pesquisa.

Historiadores britânicos conseguiram verificar a autenticidade verdadeira do documento depois que um acadêmico se deparou com o item enquanto pesquisava nos arquivos online da Faculdade de Direito de Harvard.

“Eu estava apenas trabalhando em casa… procurando por cópias não oficiais da Magna Carta e encontrando várias delas”, disse David Carpenter, professor de história medieval do King’s College London, à CNN relembrando o momento da descoberta.

“Finalmente cheguei ao manuscrito número 172 da Faculdade de Direito de Harvard, cliquei nele, esperando ver um livro de estatutos. E o que vi… foi um original da Magna Carta de 1300”, disse Carpenter.

Chocado com sua descoberta, o acadêmico disse que rapidamente contatou Nicholas Vincent, professor de história medieval da Universidade de East Anglia e também especialista em Magna Carta.

“Eu disse, ‘isso é o que eu penso que é?’ E ele disse, ‘sim, eu também acho que é’”, relembrou Carpenter.

A Magna Carta (Grande Carta) é frequentemente considerada a primeira declaração dos direitos humanos, creditada por consagrar os direitos do homem na lei inglesa. De acordo com o site do Parlamento do Reino Unido, a carta foi a primeira “a colocar por escrito o princípio de que o rei e seu governo não estavam acima da lei”.

Hoje, ela é reverenciada em todo o mundo como o documento que estabeleceu o princípio de que todos – incluindo o monarca – estavam sujeitos ao estado de direito.

“Ele (o rei) não podia simplesmente dizer ‘cortem sua cabeça, para a prisão, estou confiscando sua propriedade.’ Se ele quisesse agir contra você, tinha que fazê-lo por devido processo legal”, explicou Carpenter.

Os acadêmicos acreditam que o documento de Harvard é um dos apenas sete exemplares da edição de 1300 da Magna Carta do rei Eduardo I que ainda sobrevivem.

Amanda Watson, diretora assistente de serviços bibliotecários da Faculdade de Direito de Harvard, parabenizou o trabalho dos acadêmicos britânicos por sua “fantástica descoberta”. Ela acrescentou que a nova pesquisa “exemplifica o que acontece quando coleções magníficas, como a da Biblioteca de Direito de Harvard, são abertas a estudiosos brilhantes”.

A Biblioteca da Faculdade de Direito de Harvard comprou o documento em 1946 em um leilão dos livreiros londrinos Sweet & Maxwell, conforme seu registro de aquisição. O catálogo do leilão descrevia o manuscrito como uma “cópia… feita em 1327… um pouco desgastada e manchada por umidade”, disse um comunicado à imprensa anunciando a descoberta.

Os livreiros londrinos só o possuíram por um curto período, tendo-o comprado do Vice-Marechal do Ar Maynard, piloto da Primeira Guerra Mundial, que o herdou de dois importantes ativistas contra o tráfico de escravos.

“A procedência deste documento é simplesmente fantástica”, disse Vincent no comunicado à imprensa. “Dado onde está, dados os problemas atuais sobre liberdades, sobre o sentido da tradição constitucional na América, você não poderia inventar uma procedência mais maravilhosa do que esta”.

Vários sinais reveladores inicialmente denunciaram a autenticidade do documento, disse Carpenter, incluindo o estilo da caligrafia e o grande “E” no início da primeira linha – que significa “Edwardus”.

As dimensões do documento de 48,9 centímetros por 47,3 centímetros também eram consistentes com aquelas encontradas nos seis originais previamente conhecidos. Posteriormente, imagens ultravioleta e outras imagens fornecidas pela Faculdade de Direito de Harvard foram usadas para “combinar” o texto do novo documento com os outros originais, disse Carpenter.

Ambos os acadêmicos devem visitar Harvard em junho para uma celebração que marcará a descoberta do documento medieval. Depois disso, Carpenter acredita que ele será exposto ao público como “uma das joias da coroa” da coleção de Harvard.

Mais cara do mundo: coleção de moedas dinamarquesas vai a leilão

Via CNN

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui