A Universidade do Arizona reacendeu discussões sobre buracos na superfície marciana ao eleger a imagem de um deles como “Foto do Dia” no site da HiRISE – câmera desenvolvida na universidade e instalada numa sonda da NASA. Os buracos misteriosos intrigam cientistas porque podem responder se há vida em Marte.
- A Universidade do Arizona destacou uma imagem de um buraco na superfície de Marte como “Foto do Dia”, o que reacendeu discussões sobre como eles podem revelar se há vida no planeta. A foto, capturada pela HiRISE em 15 de agosto de 2022, mostra uma cavidade em Arsia Mons;
- Esses buracos, que podem ser grandes cavernas ou fossas isoladas, são locais promissores para buscar evidências de vida extraterrestre. Isso porque oferecem um ambiente protegido contra as duras condições da superfície marciana;
- Atualmente, o conhecimento sobre esses buracos é limitado a imagens orbitais. Explorações mais detalhadas – por exemplo, enviar rovers para dentro das cavidades – são necessárias para determinar a profundidade e o rumo dos buracos;
- Os buracos ficam na região de Tharsis, a maior região vulcânica de Marte. O solo pode ter desmoronado acima de tubos de lava, criando claraboias. A exploração dessas estruturas é crucial para entender melhor a história geológica (e biológica, quem sabe) de Marte.
A “Foto do Dia” em questão foi capturada pela HiRISE em 15 de agosto de 2022. Com título “The Little Pit” (“A Pequena Fossa”, em tradução livre), a imagem traz a seguinte legenda:
“Esta imagem foi adquirida para determinar se há alguma cavidade subjacente (fratura aberta ou falha normal) e falhas associadas que possam ser observadas nesta parte do Arsia Mons. As fossas podem indicar atividade tectônica ou vulcânica geologicamente recente. Quaisquer cavernas associadas podem ser alvos para futuras explorações robóticas. A fossa tem apenas alguns metros de diâmetro.“
Esses buracos podem ser um dos melhores lugares para procurar evidências de vida extraterrestre em Marte. Isso porque podem oferecer um local quente e protegido contra a superfície implacável do planeta.
Atualmente, o que os cientistas sabem sobre esses buracos é com base no que conseguiram ver em imagens capturadas por câmeras orbitais no espaço. Por isso, não se sabe ao certo quão profundos são esses buracos nem para onde eles levam.
Por ora, só dá para especular a partir do que existe em outros planetas. “Na Terra, tubos de lava podem ser grandes o suficiente para caminhar, mas também podem ser pequenos. Então, essas fossas que vemos [em Marte] podem se abrir em cavernas maiores ou podem ser apenas fossas isoladas”, disse Ross Beyer, cientista planetário do Instituto SETI, ao Business Insider (BI).
Quando foi lançada a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, em 2005, a câmera HiRISE era o telescópio mais poderoso a deixar a órbita da Terra. Mas o equipamento tem limitações.
“Infelizmente, há um limite para o ‘ângulo’ que podemos obter da órbita para olhar ‘dentro’ desses buracos. Então, às vezes podemos ver ‘paredes’ e às vezes não podemos”, explicou Beyer.
A melhor maneira de explorar os buracos seria entrando neles – no caso, um rover investigaria a cavidade. “Há missões propostas para essencialmente ter um robô descendo com uma linha e entrando numa dessas claraboias [explicação do termo está no final desta reportagem] para explorar o que há dentro delas”, disse Brandon Johnson, geofísico da Universidade Purdue, ao BI.
No entanto, Johnson fez uma ressalva sobre essa história toda: “Este [os buracos em Marte] é um bom lugar para procurar, mas não sabemos se há vida em Marte.”
Buracos misteriosas ficam na maior região vulcânica de Marte
Os buracos ficam nas encostas de antigos vulcões na região de Tharsis em Marte. Esta é a maior região vulcânica do planeta vermelho, lar de alguns dos maiores vulcões do nosso Sistema Solar.
Os cientistas acreditam que esses buracos são “claraboias”, lugares onde o solo acima dos tubos de lava desmoronou e criou um buraco na superfície. Pelo menos, é o que disse o geofísico da Universidade Purdue.
Agora, resta saber se esses buracos abrigam – ou abrigaram um dia – vida extraterrestre. O mistério continua.