Israel neste momento trava sua guerra mais longa. Mas neste dia 5 de junho de 1967, há 58 anos, teve início o conflito mais rápido e decisivo da história do país: a Guerra dos Seis Dias. Neste período, no dia 10 de junho daquele ano, Israel havia derrotado três exércitos regulares, de Egito, Síria e Jordânia, e passou a controlar novos territórios.
Esse ataque deu início a nova fase na luta contra o extremismo islâmico na região. O Hamas, apesar de controlar a Faixa de Gaza desde 2007, não constitui um Estado formal. Atua como uma organização armada que alega representar a resistência palestina, frequentemente em detrimento da própria população civil.
No fim da guerra em 1967, o exército de Israel já havia tomado a Península do Sinai, as Colinas de Golã, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, que entre 1948 e 1967 fora controlada pelo Egito. Aquela guerra e seus desdobramentos provocaram uma nova configuração da região.
O conflito começou diante de tensões crescentes, bloqueios egípcios, sob o regime do ditador Gamal Abdel Nasser (1918 – 1970), ao Estreito de Tiran e mobilizações de tropas árabes nas fronteiras com Israel. Israel lançou um ataque preventivo que destruiu quase toda a força aérea egípcia em poucas horas.
A causa básica daquele confronto ainda sustenta boa parte das tensões atuais: o reconhecimento do Estado de Israel e a questão não resolvida da identidade nacional palestina. O Hamas, apesar de ter reinterpretado esse histórico segundo sua ideologia extremista, atua sobre o mesmo pano de fundo: a negação do Estado de Israel e as disputas territoriais por meio de ataques terroristas.
O conflito árabe-israelense remonta a 1948, com a fundação de Israel, logo depois de o Mandato Britânico ter chegado ao fim e da aprovação da partilha da Palestina pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A independência foi contestada de forma imediata pelos países árabes vizinhos, o que levou à Primeira Guerra Árabe-Israelense. Israel obteve a vitória, mas cerca de 700 mil palestinos se tornaram refugiados, com consequências que permanecem até hoje.
Guerra dos Seis Dias e os refugiados
Grande parte desses refugiados instalou-se no Líbano, Síria, Jordânia e outras regiões do mundo árabe. Na Jordânia, a presença palestina provocou, em 1970, o episódio conhecido como Setembro Negro, quando o rei Hussein reprimiu com violência a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e expulsou seus líderes, entre eles Yasser Arafat, para o Líbano.
No sul do Líbano, essas milícias palestinas tiveram papel decisivo no início da guerra civil libanesa e contribuíram para novos confrontos com Israel. Também criaram outro grupo terrorista, o Hezbollah, já infiltrado na própria política do Líbano.
Depois da Guerra dos Seis Dias, Israel passou a ocupar militarmente Gaza e a Cisjordânia, ao assumir o controle de territórios com alta densidade populacional palestina.
A partir de 1993, os Acordos de Oslo formalizaram o reconhecimento mútuo entre Israel e a OLP, até então considerada terrorista, e estabeleceram o processo de autogoverno palestino na Cisjordânia. Houve uma retirada parcial de Israel. Em 2005, Israel promoveu a retirada unilateral da Faixa de Gaza, com a remoção de assentamentos e tropas.
Em 2007, o Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza depois de um conflito armado com o Fatah, ligada à Autoridade Palestina. Desde então, Gaza permanece sob bloqueio terrestre, aéreo e marítimo imposto por Israel e pelo Egito, como forma de impedir o fornecimento de armas ao grupo extremista. O enclave tornou-se um território isolado, empobrecido e submetido a uma organização que rejeita o direito de existência de Israel.
A Faixa de Gaza passou a ser cenário de conflitos periódicos, com disparos de foguetes contra cidades israelenses e operações militares de retaliação. O atual confronto, entre 2023 e 2025, é o mais duradouro até agora, com milhares de mortos, destruição e crise humanitária.
A herança da Guerra dos Seis Dias está presente. As fronteiras traçadas em 1967 ainda servem de base para negociações de paz, e a ocupação de partes da Cisjordânia mantém-se como ponto central do conflito.
Hoje, 58 anos depois, muitos resultados de 1967 continuam como impasse político e humano. O embate continua. A busca da paz ainda é um desafio que tem durado muito mais do que seis dias.