Quando pensamos na Groenlândia, normalmente vêm à mente o frio, a neve e o isolamento. Dessas três características, duas não devem mudar tão cedo, mas, a partir desta quinta-feira (28), o isolamento será bem menor graças a um novo aeroporto internacional, com uma pista de 2.200 metros, que será inaugurado na capital, Nuuk. Essa novidade permitirá que aviões maiores conectem o território ártico ao restante do mundo.
O aeroporto de Nuuk será a base da Air Greenland, que operará um Airbus A330neo em voos para Copenhague, na Dinamarca. Com capacidade para atender 800 passageiros por hora, o local também conectará Nuuk a Reykjavik, na Islândia.
A partir de junho, a United Airlines oferecerá voos sazonais diretos de Newark, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, com duração de pouco mais de quatro horas.
Antes desse novo aeroporto, quem queria voar para a Groenlândia precisava desembarcar em cidades menores, como Kangerlussuaq, ao norte, ou Narsarsuaq, ao sul. Ambos, antigos postos militares americanos da Segunda Guerra Mundial, possuem capacidade para receber aviões de grande porte.
Jens Lauridsen, diretor-executivo da Greenland Airports, afirma que o novo aeroporto terá grande impacto no turismo e na economia local, com cada voo injetando cerca de US$ 200 mil (R$ 1.165.700) na economia do país.
Ele ressalta que os visitantes devem estar preparados para algo diferente do turismo tradicional: “Estamos no Ártico”, diz Lauridsen, “e quem vem até aqui está em busca de uma aventura.”
Atualmente, cerca de 130 mil turistas visitam a Groenlândia todos os anos, seja por cruzeiros ou voos. Com a abertura para o turismo, esse número tende a crescer — algo que as autoridades esperam controlar para evitar excessos.
Divisor de águas para o turismo
Com mais de 400 mil seguidores em seu canal no YouTube, chamado Q’s Greenland, Qupanuk Olsen é considerada a maior criadora de conteúdo da Groenlândia. Ela já confirmou presença no primeiro voo que pousará no novo aeroporto.
“Estou muito animada”, afirma. “Vai ser incrível estar no voo inaugural e ver tudo isso acontecer.”
Para Anne Nivíka Grødem, CEO da Visit Greenland, a inauguração do aeroporto marca um divisor de águas para o turismo e para a sociedade como um todo.
“Acredito que o turismo pode ser uma força de transformação positiva”, diz Grødem. “O desafio está em equilibrar as oportunidades locais, as tendências de mercado e os desejos das pessoas.”
Até o final de 2026, mais dois aeroportos devem ser inaugurados na Groenlândia: um em Ilulissat, ao norte, e outro em Qaqortoq, ao sul.
Em um país com apenas 90 quilômetros de estradas asfaltadas, tanto moradores quanto turistas ainda precisarão usar aviões ou barcos para se deslocar internamente. Esses novos aeroportos prometem facilitar bastante as viagens.
“A Groenlândia não é apenas um destino; é uma experiência transformadora, que muda como você enxerga o mundo”, afirma Grødem.
Ela sugere que os visitantes venham com a mente aberta e espírito de aventura, prontos para vivenciar a cultura introspectiva do país e reconectar-se com a natureza – e consigo mesmos.