O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu classificar como “ataque” a ação militar de Israel na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza. Em nota divulgada na noite desta segunda-feira, 6, o Executivo brasileiro ainda “condena” o trabalho militar israelense. O país judaico está em guerra contra o grupo terrorista Hamas desde 7 de outubro do ano passado.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) foi o responsável por divulgar, em seu site oficial, o conteúdo crítico a Israel. No ar desde às 19h41, o texto, contudo, não tem a assinatura do chanceler Mauro Vieira e nem a de Lula.
“Ao optar, com essa ação militar, por deliberadamente intensificar o conflito em área sabidamente de alta concentração da população civil de Gaza neste momento, o governo israelense, mostra, novamente, descaso pela observância aos princípios básicos dos direitos humanos e do direito humanitário, a despeito dos apelos da comunidade internacional, inclusive de seus aliados mais próximos”, afirma o Itamaraty. “Tal operação pode, ademais, comprometer esforços de mediação e diálogo em curso.”
A definição “ataque israelense” consta logo no título da nota do MRE. Já o aviso de que “o governo brasileiro condena o início de operação das forças armadas de Israel contra a cidade de Rafah” aparece no primeiro parágrafo do comunicado.
Na nota em que não menciona o grupo terrorista Hamas em nenhum momento, o governo Lula cita o desejo por um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Mas isso aparece apenas no quarto e último parágrafo. No mesmo trecho do texto, o MRE informa que se posiciona pela libertação dos reféns. O ministério não informa, contudo, que as pessoas sequestradas foram vítimas do movimento extremista islâmico.
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Mais uma vez, o Itamaraty ignorou o caso de Michel Nisembaum. Brasileiro de 59 anos, ele é uma das mais de cem pessoas que seguem como reféns do Hamas.
A nota do MRE contra a ação de Israel em Rafah reforça a postura diplomática do governo Lula. Isso porque no mês passado, o Itamaraty evitou criticar o ataque do Irã ao território israelense. Na ocasião, a saber, o regime iraniano disparou mais de 300 mísseis e drones. Para a equipe do petista, no entanto, tal conduta bélica não passou do “envio” de objetivos de um país para o outro.
Em fevereiro, em evento na Etiópia, Lula comparou a contraofensiva israelense em Gaza ao Holocausto, período em que os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus. Dessa forma, o governo de Israel passou a considerar o presidente brasileiro com persona non grata.
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