O ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva irá implantar medidas sugeridas por supermercados para baixar o preço dos alimentos. Entre as propostas, por exemplo, está a alteração na regra de validade dos produtos. Esse tipo de medida, em vigor nos Estados Unidos e no Canadá, chama-se “best before”.
As novas regras transformariam a data de validade em uma indicação de melhor período para o consumo, e não mais como um limite rígido para a utilização dos alimentos. Em julho do ano passado, os supermercados e as associações que representam a indústria alimentícia apresentaram essa sugestão a Lula.
A proposta visa a aplicar a nova regra a produtos estáveis em temperatura ambiente, como biscoitos, macarrão, maionese, grãos e enlatados. Também seriam incluídos itens com baixa atividade de água, que passam por processos de esterilização e são embalados a vácuo.
O desperdício de alimentos
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), cerca de 0,5% da produção alimentícia é descartada por ultrapassar a data de validade. Isso representa perdas financeiras de até R$ 3 bilhões anualmente, de acordo com a associação.
Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define os padrões de identidade, qualidade e microbiológicos para a validade dos alimentos. Além disso, o Código de Defesa do Consumidor estipula regras para garantir que as informações sejam corretas, claras e precisas para os consumidores.
A Casa Civil negou qualquer intervenção artificial para reduzir o preço dos alimentos. O governo pretende dialogar com os ministérios e produtores para definir as medidas a serem implantadas.
Preço nas alturas
Ao longo de 2024, ir ao supermercado se tornou mais caro. O aumento médio nos preços do alimentos aconteceu em todos os meses e se intensificou ainda mais em dezembro, com as festas de fim de ano. Os dados oficiais mostram: nada encareceu mais do que se alimentar.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou um aumento de quase 5% na inflação em 2024. Ao mesmo tempo, o valor cobrado pelos alimentos subiu, em média, cerca de 8%. Nada teve alta maior no país nesse período. A educação, por exemplo, teve a segunda maior elevação (aproximadamente 7%). E alguns grupos alimentares ficaram muito mais caros que a média — um exemplo é a carne.
Ao contrário da promessa de Lula nas eleições de 2022, o preço da picanha subiu quase 9% ao longo do ano. E não foi esse o corte que ficou mais caro.
De modo geral, as carnes subiram mais de 20%. O pior resultado foi o do acém, com alta de 25%. O preço do quilo da carne de porco e do frango também subiu: alta de 20% e pouco mais de 10%, respectivamente. Nem o arroz deu trégua, com aumento de mais de 8%. Até mesmo preços como do óleo de soja, um dos alimentos mais básicos da culinária nacional, teve alta (quase 30%) — é mais do que o azeite (23%).