Nesta sexta-feira, 10, em uma coletiva de imprensa, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou que não solicitará ao governo federal a implementação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para lidar com a crise de segurança no Estado.
A GLO, uma medida constitucional para situações extremas, permite que as Forças Armadas desempenhem funções de policiamento. Contudo, Leite afirmou não estar considerando a possibilidade no momento, e destacou que o Estado reforçará a segurança internamente, sem necessidade de intervenção das Forças Armadas.
“Temos diálogo estreito com o governo federal, com o Ministério da Justiça e o Ministério da Defesa”, disse Leite ao jornal Gazeta do Povo.
“As Forças Armadas cooperam muito nos resgates, na logística de distribuição de alimentos”, destacou o governador gaúcho. “Dão um apoio fundamental e vão entrar num papel importante de restabelecimento de serviços quando isso se viabilizar, mas temos condições efetivas de fazer isso pela segurança do Estado. Se for preciso mais apoio, vamos solicitar.”
Medidas de segurança
O governo estadual planejou um reforço de segurança nos locais e abrigos mais afetados pelas enchentes. Leite informou que mil policiais militares que foram para a reserva nos últimos dez anos foram chamados de volta ao serviço.
“Estamos comprometidos em reforçar a segurança nos pontos críticos e nos abrigos”, disse o governador. “Nossa estratégia é clara: não haverá tolerância para crimes de roubo, saque e agressão. Isso será viabilizado com o auxílio da Força Nacional e de policiais de outros Estados”.
O secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, explicou que a polícia está concentrada em combater o crime nos abrigos, com ordens explícitas para prender os infratores.
Ele informou que 54 bandidos foram detidos, incluindo 11 que cometeram delitos nos alojamentos.
“Continuaremos com a presença da Brigada Militar e da Polícia Civil nos abrigos”, disse Caron. “A ordem é prender todos os que cometerem crimes nesses locais. Quem infringir a lei será encaminhado diretamente do abrigo para o presídio”.
Reforço adicional
O governo gaúcho planeja contratar 260 policiais civis aposentados para fortalecer as forças de segurança por meio do programa Mais Efetivo, além dos mil PMs da reserva. Essa iniciativa ocorre em um contexto em que o ministro da Defesa de Lula, José Múcio, havia afirmado que as Forças Armadas estavam prontas para atuar em uma GLO, se necessário.
De acordo com o Ministério da Defesa, o Brasil já utilizou a GLO 133 vezes. Essa medida é destinada a situações em que as forças de segurança locais são insuficientes para manter a ordem pública.
Números da tragédia
A tragédia que assola o Rio Grande do Sul causou 116 mortes, conforme reportado pela Defesa Civil, além de muitas pessoas desaparecidas ou feridas.
As enchentes afetaram 437 municípios e impactaram cerca de 1,9 milhão de pessoas, iniciando uma ampla operação de resgate e assistência que envolve a participação de centenas de voluntários civis.