Em entrevista exclusiva a Oeste, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) revelou que a sua candidatura à presidência do Senado Federal e a do também senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) fazem parte de uma estratégia traçada previamente entre os parlamentares.
De acordo com Girão, o lançamento de ambos na disputa, representando a direita, serve para arrancar votos do favorito, o também senador Davi Alcolumbre (União –AP). “Essa é uma estratégia conjunta”, disse. “Pontes consegue tirar alguns votos que eu não consigo arrancar do Alcolumbre.” Girão acrescenta que isso parte da premissa de que a eleição ocorre em dois turnos e que o ideal seria ter mais candidatos de direita.
Pressão pelo voto aberto
Girão explica que outro ponto importante para reverter o favoritismo de Alcolumbre é pressionar seus pares a utilizarem o voto aberto na eleição, que ocorrerá no sábado 1º. De acordo com Girão, o voto aberto é uma ferramenta da transparência, totalmente legítima, e que já conseguiu um feito na eleição do próprio Alcolumbre, que presidiu a Casa Alta de 2019 a 2021. “O voto aberto teve papel crucial na disputa, que derrotou Renan Calheiros (MDB-AL), considerado eleito para a presidência do Senado em 2019.”
O senador diz que agora é a vez de Davi Alcolumbre usar do voto secreto para atingir seus objetivos. Segundo ele, o ex-presidente do Senado foi um dos responsáveis pela atuação da Casa em parceria com o Supremo Tribunal Federal (STF). O senador pelo Ceará garante que Alcolumbre é um dos operadores das emendas parlamentares do governo Lula. “É o rei das emendas, como se fosse a liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) dentro do Senado”, disse Girão. “Não é à toa que conta com o apoio do presidente Lula e dos partidos do centrão.”
Girão cobra mudanças em 2026
Eduardo Girão é assertivo em sua opinião de que a sociedade brasileira precisa ter voz nesta eleição. E que ele e o Astronauta Marcos Pontes representam essa alternativa, já que ambos se apresentam como os candidatos da direita. Ele lembra que, em 2026, dois terços do Senado será renovado — e, quem não mostrar o voto, será cobrado pela população.
Em relação ao suposto apoio de Jair Bolsonaro (PL) à candidatura de Davi Alcolumbre, Girão diverge do ex-presidente e pontua que a política é coerência. Ele lembra que o Partido Liberal (PL) já fechou um “acordão” para abraçar a candidatura de Davi Alcolumbre, pois acreditam no pragmatismo político. “Não sei qual foi a informação que chegou até ele.” Porém, o senador avalia que ele e Pontes estão sendo coerentes ao colocarem seus nomes na disputa. “O Davi já disse que não irá pautar pedidos de impeachment contra ministros do Supremo. Que irá fortalecer pautas do STF.”
Girão afirma que vê um equívoco na opinião de Bolsonaro, que já disse em entrevistas que tinha de compor esse acordo, pois o voto é secreto, e que Alcolumbre irá ganhar. “Acredito que o ex-presidente, pelo líder que é, podia fazer esse trabalho de conscientizar a população pelo voto aberto e não ceder ao sistema”, disse. “O brasileiro precisa ter voz, e a coerência é muito importante na política.”