Em entrevista ao Faroeste à Brasileira desta quarta-feira, 22, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) comentou o cenário que se desenha para as eleições à presidência da Casa.
A direita se divide entre o próprio Girão, Davi Alcolumbre (União-AP), apoiado por Jair Bolsonaro e o PL, e Marcos Pontes (PL-SP), que decidiu lançar candidatura independente.
“Temos o centrão, junto ao governo Lula e o PT, apoiando Davi Alcolumbre”, criticou Girão, que disse que o senador “deixou o Senado Federal de joelhos para o Supremo e para situações nada republicanas” durante sua presidência.
Girão recorda que a direita apostou em Alcolumbre em 2019, quando concorria contra Renan Calheiros (MDB-AL). O senador cearense revelou que acreditava que ele pudesse tornar o Senado “mais altivo e independente”, mas não foi o que viu no período. “Errar uma vez é compreensível, mas duas não é inteligente.”
“O Davi não é mais uma incógnita, a gente sabe o modus operandi que ele atua”, declarou Girão. “Não tem como, é insustentável apoiar Davi Alcolumbre.”
O senador pelo Novo acredita que uma possível eleição de Alcolumbre pioraria o cenário dentro do Senado em relação ao atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Enquanto o senador mineiro é conhecido por respeitar o regimento interno da Casa, Alcolumbre demonstrou não ter tanto apreço pela liturgia do cargo.
“Alcolumbre atropela, vai para cima, e acho isso muito preocupante, sob todos os aspectos, para o Brasil”, considera Girão. “Precisamos derrotar o Golias da vez, que é o Davi Alcolumbre, com o apoio do brasileiro.”
Embora a eleição seja realizada no sistema de voto secreto, Girão defende que a a população cobre seu senador para que divulgue seu voto. O primeiro turno do pleito deve ser realizado no dia 1º de fevereiro, um sábado.
Para pressionar os senadores, Girão recorda que, em 2026, 2/3 da Casa buscarão a reeleição em seus respectivos Estados. “Estes dois terços precisam do voto do brasileiro e não vão querer se indispor com o eleitor”, acredita.
Girão discorda do apoio de Bolsonaro a Alcolumbre
O senador ainda demonstrou respeito por Jair Bolsonaro, mas considera que o ex-presidente se equivoca ao apoiar Alcolumbre. Segundo os cálculos políticos do PL, sua eleição garantiria mais cadeiras na Mesa Diretora e na presidência das comissões da Casa para o partido.
No entanto, Girão acredita que estes cargos de liderança não são necessários para que a oposição faça seu trabalho de cobrança ao governo Lula. “Quantas audiências públicas eu mesmo aprovei, apoiado pelos colegas?”, questiona. “A oposição, quando se organiza e é firme, consegue muita coisa.”
O senador ainda prometeu que, se eleito, pautará “imediatamente” o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “É um clamor crescente da nossa sociedade”, considera.
“No dia em que a gente começar a analisar o pedido de impeachment, o Supremo já vai começar a voltar a cumprir sua tarefa”, prevê Girão. Para ele, a atual atuação “ultrapassa todos os limites do bom senso” e insere o Brasil em um cenário de insegurança jurídica inédito na história do país.
O senador ainda elogiou a postura de seu concorrente, Marcos Pontes, a qual considerou “corajosa e muito coerente”. “Ele tem abertura com muitos outros senadores e consegue tirar votos de alguns colegas que iriam votar em Alcolumbre e que não votariam em mim, assim como consigo tirar alguns votos do Davi que não iriam para o Marcos Pontes.”
Girão ainda prometeu limitar o orçamento do Senado, que hoje soma quase R$ 7 bilhões. “Já que o Lula colocou a gente em uma crise fiscal e jogou o Brasil em um abismo com sua irresponsabilidade, pelo menos o Legislativo pode começar a dar o exemplo que tem que vir de cima”.