O general Juan José Zúñiga, líder da tentativa de golpe de Estado na Bolívia, foi preso na noite desta quarta-feira, 26. Ao ser detido, o militar acusou o presidente do país, Luis Arce, de orquestrar a trama.
Zúñiga cercou o palácio presidencial por várias horas, com tropas e veículos blindados. Durante o cerco, declarou que o objetivo era expressar seu descontentamento e exigiu uma troca ministerial. Também afirmou que libertaria prisioneiros políticos, incluindo a ex-presidente Jeanine Áñez, condenada a dez anos de prisão em junho de 2022 por supostamente tentar um golpe contra Evo Morales em 2019.
O general se encontrou com Luis Arce durante a invasão da sede do Poder Executivo. Na véspera, o presidente o havia demitido do Exército.
Ao fim da tentativa de golpe, Luis Arce demitiu os chefes das Forças Armadas e nomeou substitutos. Os militares rebeldes deixaram a Praça Murillo, onde fica o Palácio da Presidência, horas depois do início da revolta.
A crise política na Bolívia
Evo e Arce, antigos aliados, agora são rivais políticos e devem se enfrentar nas eleições de 2025. Em entrevista no dia 24, Zúñiga disse que o ex-presidente não pode mais governar a Bolívia e prometeu impedir que Evo Morales “pisoteie” a Constituição. Evo respondeu que tais ameaças não têm precedente na democracia e pressionou o governo de Luis Arce a desautorizar a declaração de Zúñiga.
Segundo o jornal El Deber, Zúñiga afirmou que conversou com Arce no domingo 23, antes do golpe. “O presidente me disse que a situação está muito crítica, que era preciso algo para levantar sua popularidade”, disse. Ele perguntou, então, ao presidente: “Colocamos os blindados na rua?”, ao que Luis Arce teria respondido: “Coloque”. O general não apresentou provas e foi levado por policiais antes de continuar a entrevista.
Depois de a polícia recuperar o controle da Praça Murillo, Luis Arce declarou aos apoiadores que “ninguém pode nos tirar a democracia que conquistamos”.