O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu sinal verde, sem nenhum condicionante, para a fusão entre as redes Petz e Cobasi. Com a aprovação, nesta terça-feira, 3, foi criada um gigante do varejo pet no país.
A operação, anunciada em agosto de 2024, projeta uma nova empresa com faturamento bruto anual estimado em R$ 7 bilhões, relata a Folha de S.Paulo.
A Superintendência-Geral do Cade concluiu que o mercado se mantém competitivo graças à diversidade de canais de venda e à facilidade de entrada para novos concorrentes.
O Cade admitiu que o comércio varejista neste ramo possui uma operação que gera concentração relevante em algumas localidades. No entanto, isso não foi suficiente para constatar a existência de monopólio.
A entidade concluiu que, apesar da força dessas empresas, esses mercados apresentam facilidade de entrada, ampla diversidade e um grande número de concorrentes.
“Esse cenário reforça a avaliação de que as redes envolvidas na fusão não terão espaço para impor alterações negativas nas condições de mercado, como preços, oferta ou qualidade, sob risco de perderem espaço para os demais players do setor.”
Por esta análise, o mercado de produtos para pets é caracterizado pela competitividade de inúmeros empreendimentos e de modelos de negócios de diferentes portes, sem a consolidação de um formato dominante.
Pelo estudo do Cade, portanto, há outros agentes que podem se manter ativos mesmo com a fusão. É o caso de supermercados, marketplaces, agrolojas e pet shops independentes.
O mercado tem, na avaliação, força suficiente para conter possíveis abusos de poder econômico da nova companhia.
Tal variedade de modelos de negócio, segundo a entidade, dificulta a formação de um monopólio ou domínio de mercado pelas grandes redes.
O setor de pets movimenta cerca de R$ 77 bilhões por ano, sendo R$ 42 bilhões, mais da metade, apenas em alimentos. Com tantas vertentes, é considerado pulverizado, com forte presença de pequenos e médios estabelecimentos nos bairros.
A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) informa que o crescimento do setor foi de 12% em relação ao ano anterior.
Petz e Cobasi informaram, no anúncio da fusão, que cada uma detinha cerca de 11% de participação do setor no mercado brasileiro. Com a união, a nova empresa passa a controlar aproximadamente 22% e se consolida como a maior rede do varejo pet no país.
Petz e Cobasi em porcentuais
Pelo acordo firmado, os acionistas da Petz ficam com 52,6% da nova empresa, além de receberem R$ 400 milhões, dos quais R$ 130 milhões serão distribuídos em dividendos. Já os investidores da Cobasi ficam com 47,4% da companhia combinada. A expectativa é que a união gere uma economia de até R$ 330 milhões por meio de sinergias operacionais.
A demora na aprovação da fusão ocorreu por divergências entre a estratégia inicial das empresas e os critérios técnicos do Cade.
Petz e Cobasi tentaram inicialmente sustentar que seus principais concorrentes estavam nos canais digitais, como Shopee, Mercado Livre e Alibaba, mas o órgão exigiu uma análise mais ampla, que incluía lojas físicas.
A liberação definitiva, mesmo que não seja considerada um monopólio, coloca pressão sobre concorrentes para se adaptarem à nova configuração do mercado.