segunda-feira, setembro 23, 2024
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Fungos são usados para controlar robôs “biohíbridos”

Cientistas da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova classe de robôs “biohíbridos” que utilizam fungos para se locomover. Esses robôs são controlados por sinais elétricos enviados pelo micélio, a estrutura radicular dos fungos.

Os fungos têm a capacidade de detectar e comunicar-se através de sinais elétricos que percorrem o micélio. Aproveitando essa característica, os pesquisadores cultivaram micélio diretamente na eletrônica dos robôs. Um sistema foi criado para registrar com precisão a atividade eletrofisiológica dos micélios, processá-la e convertê-la em um sinal digital que os robôs conseguem interpretar.

Quando esses sinais são enviados aos atuadores, os robôs se movem de acordo com as mudanças no ambiente, como a presença de luz, que influenciam os sinais emitidos pelos fungos. A pesquisa foi publicada na revista Science Robotics.

Demonstração do robô biohíbrido da Universidade de Cornell se movendo. (Imagem: Universidade de Cornell)

Pesquisadores criaram dois modelos de robôs biohíbridos

  • A equipe de Cornell desenvolveu dois tipos de robôs biohíbridos.
  • O primeiro é um modelo simples com rodas, enquanto o segundo tem uma forma mais complexa, com pernas macias, semelhante a uma aranha.
  • Em ambos os casos, uma placa de Petri contendo fungo é posicionada no topo do robô. A partir daí, o fungo responde a estímulos ambientais e envia sinais que fazem o robô se mover.
  • Os robôs foram submetidos a três experimentos:
    • No primeiro, os robôs se movimentaram em resposta aos picos naturais nos sinais emitidos pelos micélios.
    • No segundo experimento, os cientistas expuseram o fungo à luz ultravioleta, o que alterou a maneira como os robôs se moviam.
    • Por fim, os pesquisadores demonstraram que podiam sobrepor os sinais do fungo e controlar manualmente os robôs, se necessário.
micélio de fungos
O micélio, estrutura radicular dos fungos, foi usado no desenvolvimento dos robôs biohíbridos. (Imagem: luchschenF / Shutterstock.com)

Futuro dos robôs biohíbridos

Embora a luz tenha sido o único estímulo testado até o momento, a equipe sugere que futuras versões desses robôs poderão incorporar múltiplos inputs, como assinaturas químicas. A ideia é que sistemas vivos, como os fungos, são naturalmente eficientes em responder a diversos estímulos, como luz, calor e pressão, algo que sistemas sintéticos precisariam de sensores especializados para realizar.

Este artigo é o primeiro de muitos que usarão o reino dos fungos para fornecer sensoriamento ambiental e sinais de comando a robôs, melhorando seus níveis de autonomia.

Rob Shepherd, autor principal do estudo

Ele sugere que, no futuro, esses robôs poderiam ser usados para monitorar a química do solo em plantações, decidindo automaticamente quando adicionar fertilizantes, por exemplo, o que poderia reduzir os impactos negativos da agricultura, como a proliferação de algas nocivas.

Via Olhar Digital

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