quarta-feira, dezembro 4, 2024
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Fungo faz madeira brilhar no escuro; saiba como

Um novo estudo, publicado na Advanced Science, detalhou como cientistas, liderados pelo pesquisador de fungos Francis Schwarze, do laboratório de Celulose e Materiais de Madeira da Empa em St. Gallen (Suíça), conseguiram criar nova espécie de madeira que brilha no escuro.

A “mágica” acontece por conta da presença de um fungo que possui bioluminescência. Na natureza, esse efeito é conhecido como “fogo de raposa“, que fez com que o grupo tentasse utilizá-lo em materiais de construção.

Fungo + madeira = madeira brilhante! (Imagem: Schwarze et al., Advanced Science, 2024 ([CC BY 4.0])

Como o fungo brilha no escuro e quais os demais objetivos do estudo?

  • Antes de mais nada, vale dizer que colocar mais funcionalidades na madeira objetiva encontrar usos mais sustentáveis para a versão suíça ao invés de queimar, destino atual dela;
  • Tal objetivo, segundo o IFLScience, agora, foi estendido para criar a madeira luminosa;
  • Para isso, eles usaram um parasita, conhecido como fungo do mel sem anel, ou Desarmillaria tabescens, produtor de luciferina (classe de pigmentos responsável pela bioluminescência);
  • Em condições ideais, a luciferina brilha por conta do resultado da atividade de enzimas;
  • A partir daí, Schwarze e sua equipe tentaram recriar esse efeito em amostras de madeira permeadas por fios fúngicos;
  • Fazendo isso, eles obtiveram um “truque” da natureza, criando um material que, teoricamente, poderia ser aplicado em qualquer coisa, como placas luminosas e podendo decorar imóveis de forma “fantasmagórica”.

Em comunicado, Schwarze disse que “a madeira, naturalmente luminosa, foi descrita pela primeira vez há cerca de 2,4 mil anos pelo filósofo grego Aristóteles. Materiais compostos produzidos artificialmente desse tipo seriam interessantes para muitos tipos de aplicação”.

Esse fungo utilizado na madeira não é o único que brilha; existem mais de 70 espécies com capacidade de bioluminescência. Contudo, ele é bom para criar a madeira luminosa, já que consegue se infiltrar nesse material sem reduzir sua estabilidade.

Os cientistas analisaram como o fungo do mel conseguiu se esgueirar para dentro das amostras de madeira de balsa utilizadas, degradando a lignina, contudo, a celulose restante foi suficiente o bastante para manter a madeira forte.

Uma vez misturados, madeira e fungo viraram um biohíbrido, capaz de ficar ainda mais brilhante após incubação de três meses. Nesse período, a madeira de balsa absorveu oito vezes seu peso em umidade, de modo a acomodar o fungo em tudo o que é molhado.

Essa reação enzimática que permite a bioluminescência com maior facilidade ocorre quando o biohíbrido é exposto ao ar e entra em ação total após cerca de dez horas, já que emite luz verde com comprimento de onda de 560 nm.

Confira como o efeito acontece no vídeo a seguir:

O brilho, todavia, não é perpétuo; dura cerca de dez dias, e a equipe responsável pelo “invento” deseja aumentar a luminosidade da madeira com certos ajustes. “Agora, estamos otimizando os parâmetros do laboratório para aumentar ainda mais a luminosidade no futuro”, disse a pesquisadora do Empa Giorgia Giovannini.

Exemplo do brilho do fungo em um cogumelo
Exemplo do brilho fúngico na natureza (Imagem: Reprodução/YouTube/Empa-TV)

Via Olhar Digital

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