Principal alvo da Polícia Federal (PF) na Operação Fundo no Poço, por suspeita de desviar R$ 36 milhões dos fundos partidário e eleitoral, o presidente do Solidariedade, Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, é apontado na investigação como “líder de organização criminosa”. Ele teve a prisão preventiva decretada, mas está foragido.
Pivô do inquérito, aberto depois das eleições de 2022, o dirigente partidário arrastou também familiares, suspeitos de serem “testas de ferro” do esquema sob apuração da PF.
A mulher de Macedo Júnior, Ariele de Oliveira Coimbra Macedo, seu irmão, Fabrício George Gomes dos Santos, a cunhada, Kelle Pereira da Silva Dutra, a mãe, Maria Aparecida dos Santos, o primo, Alessandro Sousa da Silva, os filhos e os sobrinhos são investigados. Alguns ocupam cargos de gestão do Solidariedade.
O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso à decisão que autorizou a operação. O documento de 95 páginas detalha como recursos repassados ao partido teriam sido desviados e usados para pagar viagens internacionais da família.
Diversos destinos são listados na investigação da PF contra o presidente do Solidariedade: Emirados Árabes, França, República Dominicana, Estados Unidos, México e Itália.
Segundo os investigadores, o político se apropriou do dinheiro do partido para custear passagens aéreas, hospedagens em hotéis de luxo e até cruzeiros.
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A Polícia Federal identificou uma transferência de R$ 100 mil para uma empresa de turismo, em 13 de março de 2022, dias antes de Macedo Júnior ser afastado da direção do partido. Ele recuperou o cargo meses depois.
O que diz a PF
Na descrição da nota, consta: “Crédito para ser utilizado em viagens nacionais e internacionais, locação de carro, hospedagem, salas de reunião e eventos, seguro viagem e bilhetes aéreos nacionais e internacionais”. Para os investigadores, ao perceber que corria risco de perder acesso à gestão do dinheiro do partido, o presidente do Solidariedade “buscou garantir um crédito com uma agência de turismo para custeio de suas viagens”.
Dois destinos em particular chamar a atenção da PF: Miami e Orlando. Isso porque, quase sempre as viagens aos Estados Unidos tinham escaladas prolongadas no Panamá, um paraíso fiscal. Os policiais federais vão investigar se a família mantém contas em offshores.
O fluxo de viagens e o paradeiro até então incerto de um helicóptero registrado em nome do Pros (partido que se fundiu com o Solidariedade) levaram o juiz Lizandro Garcia Gomes Filho, da 1ª Zona Eleitoral de Brasília, a mandar apreender os passaportes de todos os investigados, por ver risco de fuga. A aeronave foi apreendida na operação desta semana.
A PF investiga ainda se candidaturas laranja e contratos falsos com escritórios de advocacia foram usados para operacionalizar desvios.
Revista Oeste, com informações da Agência Estado