Funcionários woke das grandes empresas de tecnologia, como Meta, Google, Amazon e Apple, têm protestado de forma sutil contra a guinada à direita de seus executivos nos Estados Unidos. Um dos casos trata da retirada de absorventes dos banheiros masculinos na empresa de Mark Zuckerberg.
Depois da decisão do CEO, os trabalhadores responderam com um ato de rebeldia silenciosa. “Alguns funcionários da Meta levaram seus próprios absorventes, tampões e protetores para os banheiros masculinos”, relataram fontes ao jornal norte-americano The New York Times nesta quarta-feira, 29.
Uma petição pela restauração imediata dos produtos foi respondida de forma fria por uma diretora. “Não foi a intenção da liderança da Meta fazer com que os funcionários se sentissem indesejados ou excluídos em nossos escritórios”, dizia o e-mail, “mas, neste momento, não temos planos de revisar nossas decisões.”
A remoção dos produtos higiênicos foi apenas uma das mudanças implementadas por Zuckerberg, que também eliminou iniciativas de diversidade no local de trabalho. Estas ações fazem parte de uma tendência entre os líderes das big techs, que têm se aproximado de Donald Trump e de suas políticas.
Zuckerberg, Elon Musk (SpaceX), Jeff Bezos (Amazon), Sundar Pichai (Google) e Tim Cook (Apple) compareceram à posse de Trump na semana passada, gesto que causou indignação entre os funcionários, tradicionalmente alinhados com pautas de esquerda.
Com demissões em massa anunciadas para 10 de fevereiro e um ambiente cada vez mais restritivo, os funcionários da Meta têm recorrido a grupos privados em aplicativos como o Signal para discutir novas formas de protesto.
Militância woke protesta de forma discreta
As ações dos funcionários têm sido mais discretas do que em anos anteriores. Durante o primeiro mandato de Trump, em 2017, os trabalhadores organizaram protestos públicos, circularam petições e pressionaram os executivos a se posicionarem contra as políticas do então presidente.
Hoje, porém, o cenário é diferente. Com demissões em massa e um mercado de trabalho cada vez menos competitivo, os funcionários têm optado por formas mais sutis de protesto. Na Google, por exemplo, um empregado responsável pela aprovação de uma comemoração à posse de Trump revelou que agiu sob pressão.
No entanto, casos como estes têm sido mais evidentes na Meta. Recentemente, Zuckerberg indicou dois executivos republicanos para liderar a divisão de políticas da empresa e nomeou Dana White, chefe do Ultimate Fighting Championship e aliado de Trump, para o conselho de diretores.
Além disso, anunciou mudanças abrangentes nas políticas da Meta, como o relaxamento das regras contra liberdade de expressão e o fim das iniciativas de diversidade woke. Estas mudanças ocorreram durante a temporada de avaliações de desempenho, o que aumentou o medo de represálias entre os funcionários.
“Os trabalhadores temiam que demonstrar oposição colocaria seus empregos em risco”, disseram dois empregados. Nos últimos meses, postagens críticas às mudanças de Zuckerberg foram removidas de fóruns internos e seus autores receberam advertências, sob o alerta de que novas violações poderiam resultar em demissão.
A guinada à direita das big techs destaca uma mudança real no equilíbrio de poder no Vale do Silício. “O sentimento geral tem sido de mais ansiedade entre os trabalhadores de tecnologia sobre seus direitos”, disse Shannon Liss-Riordan, advogada trabalhista que representou funcionários em processos contra estas empresas.