O líder do Reagrupamento Nacional (RN), Jordan Bardella, reconheceu que o seu partido, de direita, não será maioria na Assembleia Nacional da França. Em discurso, lamentou o desfecho do processo eleitoral do país. Os franceses foram às urnas neste domingo, 7, para votar no segundo turno das eleições parlamentares — que só ocorreram pelo fato de o presidente Emmanuel Macron dissolver o Parlamento, em junho.
Diante das projeções de boca de urna indicarem o RN apenas como a terceira maior força na nova composição da Assembleia Nacional, Bardella se manifestou. Ele agradeceu os apoiadores. Mas externou a indignação com a guinada ainda mais à esquerda no Poder Legislativo local.
“Gostaria de agradecer aos eleitores do RN e aos seus aliados, pela constância, pela serenidade diante das caricaturas”, afirmou Bardella, em postagem no Twitter/X. “Infelizmente, a aliança de desonra entre Macron e Mélenchon esta noite atira a França nos braços da extrema esquerda.”
Candidato a presidente da França em três ocasiões, Jean-Luc Mélenchon militou durante anos pelo Partido Socialista. Em 2016, ele fundou um movimento político para chamar de seu, intitulado A França Insubmissa. Para o processo eleitoral deste ano, tornou-se o líder da coalização de extrema esquerda chamada Nova Frente Popular (NFP). Além da legenda dele, a aliança conta com outros partidos “progressistas”.
A boca de urna indica a NFP como a responsável por formar o maior bloco na Assembleia Nacional. A coalização deverá conquistar de 170 a 192 cadeiras no Parlamento francês. Assim, apesar do resultado, ficará sem conquistar a maioria absoluta — 289, das 577.
Je tiens à remercier les électeurs du RN et de ses alliés, leur constance, leur sérénité face aux caricatures.
Malheureusement, l’alliance du déshonneur entre M. Macron et M. Mélenchon jette ce soir la France dans les bras de l’extrême gauche. #Législatives2024 pic.twitter.com/9HozaCz47T
— Jordan Bardella (@J_Bardella) July 7, 2024
França: indefinição sobre comando do Parlamento
Dessa forma, sem maioria absoluta, a definição de quem será o próximo primeiro-ministro francês deverá passar por negociações. O Juntos, coalização de centro-esquerda de Macron, deve acabar o segundo turno com a segunda maior bancada, com a conquista de 150 a 170 assentos.
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Conforme as projeções iniciais, o RN deverá eleger de 132 a 152 deputados. Assim, o partido de direita será o terceiro maior bloco na Assembleia Nacional da França.
O segundo turno provocou reviravolta. No primeiro, no último fim de semana, o RN havia sido o partido mais bem votado. A sigla de direita teve cerca de 30% dos votos. Dessa forma, conquistou diretamente 37 cadeiras.
A mudança ocorre em razão do sistema eleitoral francês e de acordo entre a centro-esquerda de Macron e a extrema esquerda de Mélenchon. No processo do país, que tem um deputado por cada distrito, a eleição se define apenas no primeiro turno quando alguém conquista mais de 50% dos votos.
Para impedir o avanço da direita neste segundo turno, Juntos e NFP abriram mãos de candidatos com menores possibilidades de êxito junto aos eleitores. Conforme o acerto para unir forças, o objetivo seria atuar contra o RN.
Independentemente de como se dará a coalização para a composição de governo, uma nova eleição para o Parlamento da França só poderá ocorrer daqui a um ano. Aliado de Macron, o atual primeiro-ministro Gabriel Attal já avisou: vai deixar o cargo em decorrência do resultado favorável à extrema esquerda.