domingo, junho 15, 2025
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Flávio Gordon — Pajelança antissemita

“O antissemitismo é um veneno moral, um sintoma da decadência cultural que corrói os fundamentos da sociedade ocidental e ameaça a própria noção de ordem civilizada.” (Roger Scruton)

Na mais recente encenação do teatro do absurdo da militância internacional, Greta Thunberg — a jovem profetisa do apocalipse climático — embarcou, ao lado do brasileiro Thiago Ávila, em uma flotilha com destino à Faixa de Gaza. Tudo, é claro, sob o nobilíssimo pretexto da “solidariedade humanitária” com o povo palestino. Mas, a julgar pelas companhias, bandeiras e slogans a bordo, o gesto era menos um apelo à paz do que um delírio ideológico embalado pelo novo antissemitismo, cada vez mais desavergonhado.

Os arautos da nova esquerda global descobriram uma causa conveniente para canalizar seu ódio ancestral a Israel. Afinal, declarar-se antissemita em pleno século 21 pegaria mal (ao menos por enquanto) nos salões da intelligentsia ocidental. Mas envolver-se na “luta palestina”, demonizar Israel como “Estado colonialista” e equiparar soldados israelenses a nazistas, tudo isso se tornou não só aceitável, como chique. O antissemitismo passou a vestir keffiyeh, a marchar com ONGs e a navegar sob bandeiras pacifistas.

O perfil psicossocial da jovem de tranças, convertida em xamã da consciência planetária, tornou-se regra, não exceção. Cada vez mais, o seu ativismo ambiental revela-se como apenas uma das faces de uma cosmovisão destrutiva, que pode assumir outras formas a depender do contexto. A menina que grita, grasna e lanceta — que Greta! — fica indignada com plástico nos oceanos, mas silencia sobre o uso de crianças como escudos humanos pelo Hamas. A menina com ranho na faceta — ranheta! — exige ações contra o aquecimento global, mas nada diz sobre o genocídio que organizações terroristas como o Hamas declaram ser seu objetivo contra o Estado judeu. Greta, enfim, adora meter o remo na alheia corveta, e o que lhe abunda em careta faltou-lhe, quando criança, em bofeta.

Greta, em protesto contra Israel, usando o lenço palestino, o Keffiyeh
Greta, em protesto contra Israel, usando o lenço palestino, o Keffiyeh | Foto: Reprodução/Redes sociais

Já Thiago Ávila, o ativista brasileiro que se apresenta como agente de “transformações estruturais” e milita — adivinhem — pelo Psol, é tratado pela imprensa nacional como um novo São Francisco de Assis — de mochila nas costas e miçangas indígenas. Em 2022, a colunista Julia Rocha, do UOL/Ecoa, dedicou-lhe uma hagiografia sob o sugestivo título: “Thiago Ávila e a construção da sociedade do bem viver”. Isso mesmo: bem viver. Uma mistura de pajelança eco-socialista, autogestão comunitária e retórica de manual ongueiro — tudo embalado por uma espiritualidade de tipo Nova Era e, obviamente, muito dinheiro de fundações “filantrópicas”.

O fato é que, sob o pretexto de defender os “direitos do povo palestino”, jovens extremistas como Greta e Thiago não passam de marionetes úteis na encenação geopolítica do Hamas. Embalados por slogans vazios e selfies em alto-mar, entregam à organização terrorista exatamente o que ela mais deseja: a legitimação simbólica de sua empreitada genocida.

A fórmula é simples e eficaz. De um lado, o Hamas perpetra ataques contra civis, enterra armas em escolas e usa crianças como escudos humanos. Do outro, os militantes ocidentais, devidamente treinados na novilíngua da assim chamada “interseccionalidade”, mobilizam suas pautas recicladas — meio ambiente, anticolonialismo, justiça social etc. — para justificar o injustificável. A equação fecha com a conivência entusiasmada da imprensa “progressista”, que tudo recobre com uma camada de glamour revolucionário.

Lula chamou ação militar de Israel de “genocídio” em viagem à França
Lula na França usando um keffyieh, lenço que se tornou símbolo da resistência palestina e usado pelo Hamas | Foto: Reprodução/X

O fato é que a esquerda globalista, sempre pronta a posar de consciência moral do mundo, tornou-se, nesse caso, massa de manobra do jihadismo. Um papel vergonhoso, mas que ela aceita de bom grado, desde que lhe garanta financiamento polpudo, manchetes elogiosas e o consolo narcísico de se sentir “do lado certo da história”. Spoiler: não está.

Via Revista Oeste

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