domingo, março 2, 2025
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filme brasileiro motivou mudança de regra na premiação

Neste domingo (2), acontece a 97ª edição do Oscar, a maior premiação do cinema mundial. O Brasil está na disputa com “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, que concorre a três estatuetas: Melhor Filme Internacional, Melhor Atriz (Fernanda Torres) e Melhor Filme. 

A presença do longa no Oscar 2025 reacende um episódio polêmico envolvendo “Cidade de Deus”, que sofreu um boicote há 23 anos e acabou ficando de fora da categoria de Melhor Filme Internacional.

“Cidade de Deus”: filme brasileiro prejudicado no Oscar há duas décadas modificou regra importante da premiação. Crédito: Divulgação/O2 Filmes/ Globo Filmes

Entenda o caso “Cidade de Deus”

Lançado em 2002 e dirigido por Fernando Meirelles, “Cidade de Deus” não foi indicado ao Oscar de 2003. O motivo foi um boicote de membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas durante a exibição do longa para avaliação. 

De acordo com o regulamento, os avaliadores deveriam assistir ao filme para que ele fosse considerado na categoria de Melhor Filme Internacional, mas parte dos jurados simplesmente abandonou a sessão.

Segundo o crítico Waldemar Dalenogare Neto relatou ao Uol, a evasão em massa foi uma estratégia para reduzir a nota do filme. Um membro da comissão da época afirmou que a pontuação caiu de 10 para 6 após a exibição, o que inviabilizou a nomeação. O alto nível de violência retratado no longa desagradou votantes mais conservadores, que o classificaram como apelativo e desnecessário.

Considerado violento demais, o filme “Cidade de Deus” foi boicotado por parte dos votantes da seleção do Oscar. Crédito: Divulgação/O2 Filmes/ Globo Filmes

Sem chances na categoria de Melhor Filme Internacional, “Cidade de Deus” teve sua estreia internacional adiada para janeiro de 2003, tornando-se elegível para o Oscar do ano seguinte. Em 2004, o filme teve quatro indicações: Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia. Mesmo com esse reconhecimento, a ausência na disputa por Melhor Filme Internacional gerou questionamentos sobre a imparcialidade do processo de seleção.

Diante da repercussão negativa, a Academia decidiu rever suas regras para evitar que situações semelhantes se repetissem.

Em 2005, um estudo foi encomendado para analisar falhas no processo de indicação. O objetivo era impedir que filmes aclamados fossem excluídos por manipulações internas. Como resposta, a Academia implementou a pré-lista de indicados em 2007, garantindo que obras prestigiadas tivessem mais chances de serem consideradas.

A nova regra também reduziu o eurocentrismo na categoria de Melhor Filme Internacional. Antes, a maioria dos indicados vinha da Europa e dos EUA. Com a mudança, os membros passaram a sugerir filmes de outros países, mesmo que não tivessem recebido as maiores notas iniciais. Isso abriu espaço para uma maior diversidade na premiação.

Duas décadas depois do episódio com Cidade de Deus, o Brasil volta a marcar presença forte na premiação com “Ainda Estou Aqui”. A expectativa é que o filme tenha uma trajetória mais justa na disputa pelo prêmio mais importante do cinema mundial.


Via Olhar Digital

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